Um dos avanços mais recentes está relacionado com a utilização de células estaminais mesenquimais no tratamento deste tipo de situações desportivas. A sua aplicação, segundo investigações recentes, parece indicar benefício na reparação a nível celular, progressão no processo de cicatrização e criação de novos vasos sanguíneos nos membros afetados.

A cicatrização de um tendão ou a recuperação de uma cartilagem são, por norma, processos lentos, dolorosos, dispendiosos e, na grande maioria, não completos.

O processo de obtenção deste tipo de células pode ser realizado a partir da medula óssea, sangue periférico, gordura ou pele do próprio paciente. No entanto, estes procedimentos são extremamente invasivos e dolorosos, acarretando um elevado risco de infeção. Mais ainda, tratam-se de células mesenquimais adultas, isto é, com alguma limitação em termos da sua expansão e potência terapêutica.

A alternativa passa pelo isolamento das células estaminais a partir do tecido do cordão umbilical e a sua posterior criopreservação. Este processo, ao invés das outras opções, é não invasivo, indolor e não representa qualquer risco para as pessoas envolvidas (mãe e recém-nascido). O cordão umbilical é um tecido excendentário, considerado um resíduo cirúrgico, que é normalmente eliminado por incineração.

Num momento em que, cada vez mais, se fala da criopreservação e do potencial terapêutico das células estaminais no tratamento de diversas patologias e problemas de saúde, a discussão começa agora a ganhar maior consistência em torno da sua aplicabilidade na medicina desportiva, nomeadamente, na recuperação e regeneração de lesões musculares, ósseas e articulares. De todas estas condições, é sobre a cartilagem e articulações que se têm desenvolvido mais pesquisas e avanços e disso vão fazendo eco muitas notícias, nomeadamente, as que incidem sobre o universo futebolístico.

Apesar de nem todos sermos atletas de alta competição, seguramente todos os que praticamos alguma atividade física estamos expostos ao risco de desenvolvimento de lesões. Assim, é importante precaver o futuro e investir numa solução que permita vir a beneficiar de uma opção terapêutica, caso venha a ser necessária, para este tipo de situações.

Existem diversas empresas de criopreservação a operar em Portugal. No entanto, nem todas isolam e multiplicam as células no momento anterior à sua criopreservação, procedimento que permite que as mesmas fiquem imediatamente disponíveis caso seja necessária a sua utilização. A melhor solução é optar por uma empresa que garanta o processo de isolamento e multiplicação das células estaminais logo após a colheita, ao invés do simples congelamento do tecido do cordão umbilical (que não garante qualquer aplicabilidade terapêutica).

O simples processo de congelamento não permite identificar, na altura da colheita, a tipologia de células presente no cordão e se as mesmas apresentam as condições necessárias para serem multiplicadas e criopreservadas com sucesso. Sem esta separação e purificação de células, é possível que, quando for equacionada a sua utilização, se verifique não existirem células saudáveis em quantidade suficiente para garantirem uma aplicação terapêutica eficaz.

Outro fator essencial na escolha da empresa de criopreservação é a capacidade de investigação. A Cytothera, por exemplo, tem uma parceria com o laboratório de investigação ECBio, que se dedica ao estudo do potencial terapêutico das células estaminais. A ECBio patenteou uma tecnologia de isolamento e de criopreservação das células do tecido do cordão umbilical, designada por células UCX®, com o objetivo de encurtar o período de tempo entre a investigação e o desenvolvimento de métodos e novas aplicações terapêuticas com recurso a células estaminais. Afinal, o futuro não está assim tão longe. O futuro começa hoje.

Por Patrícia Cruz, Diretora do Banco de Tecidos e Células do Laboratório Cytothera

Patrícia Cruz, Diretora do Banco de Tecidos e Células do Laboratório Cytothera
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