As alterações neurológicas causadas pelo envelhecimento levam a um declínio cognitivo, presente em determinadas doenças neurológicas, como a doença de Alzheimer. O hipocampo, uma região do cérebro responsável pela memória espacial e formação de novas memórias, é muito afetado pelo envelhecimento, observando-se uma diminuição progressiva da memória e da capacidade de aprendizagem com a idade.

Para perceber as potencialidades terapêuticas do sangue do cordão umbilical nesta área, um grupo de investigadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, realizou um estudo em modelo animal, que identificou uma proteína – TIMP2 – presente no plasma do sangue do cordão umbilical, capaz de melhorar a memória e a capacidade de aprendizagem em ratinhos de idade avançada. O estudo teve como objetivo identificar os possíveis fatores presentes no plasma de indivíduos jovens responsáveis por melhorias ao nível da memória e aprendizagem.

No sentido de determinar se o plasma humano teria a capacidade de provocar alterações no hipocampo dos ratinhos, infundiram-se animais imunocomprometidos, ou seja, que não desenvolvem reações adversas ao receberem plasma humano, a cada 4 dias, durante 2 semanas, com três tipos de plasma: do sangue do cordão umbilical de recém-nascidos, do sangue de jovens adultos e do sangue de indivíduos em idade avançada. Nos animais em idade avançada que receberam plasma do sangue do cordão umbilical de recém-nascidos registaram-se melhorias nas capacidades de aprendizagem e memória. O plasma de indivíduos idosos não teve impacto nos testes de memória, enquanto que o plasma de jovens adultos produziu resultados intermédios.

Por outro lado, ao comparar o plasma de indivíduos mais velhos com o de jovens adultos e do sangue do cordão umbilical de recém-nascidos, os investigadores constataram que havia diferenças nas proteínas plasmáticas presentes nas diferentes faixas etárias. Após esta observação, identificaram a proteína TIMP2, capaz de alterar a atividade do hipocampo de ratinhos de idade avançada-

De forma a avaliar o efeito da administração de TIMP2 na capacidade de aprendizagem e memória, o grupo de investigadores comparou a evolução de um grupo de ratinhos em idade avançada tratado com a proteína, com um grupo de animais controlo, que recebeu apenas uma solução salina. Os resultados demonstraram que os animais que receberam TIMP2 tiveram uma performance superior nos testes de memória e aprendizagem, comparativamente aos que receberam apenas solução salina.

Assim, este novo estudo demonstra que o plasma do sangue do cordão umbilical produz efeitos positivos ao nível da memória e da aprendizagem em modelo animal e, mais interessante ainda, identificou uma proteína que, administrada sozinha, produz efeitos benéficos muito semelhantes aos do plasma do sangue do cordão umbilical. De facto, apesar de esta ter sido uma investigação realizada em modelo animal, os autores colocam a hipótese de se poderem observar os mesmos benefícios em humanos e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas, recorrendo às potencialidades do sangue do cordão umbilical.

Um artigo escrito pela investigadora Bruna Moreira, da Crioestaminal