Os campos electromágneticos
de frequência extremamente
baixa, nos quais se inclui a
radiação dos telemóveis, foram
classificados como
«possivelmente carcinogénicos
para os humanos» pela Agência
Internacional para a Pesquisa
sobre o Cancro, ligada à
Organização Mundial de Saúde
(OMS). A medida surgiu na
sequência de um estudo que analisou a exposição ao uso
de telemóvel de doentes com diagnóstico de tumor cerebral, em 13 países, ao longo de 10 anos.

Na verdade, revela Belina Nunes, neurologista, «os estudos não encontram uma correlação estatística entre o uso de telemóveis e um maior número
de casos de tumores cerebrais. Contudo, os resultados do estudo Interphone sugerem um possível aumento de risco de glioma (tumor do sistema nervoso central) com níveis elevados de exposição». Para esclarecer dúvidas, os cientistas preparam-se para lançar um estudo com mais de 25 mil pessoas durante
25 anos. Entretanto, fique a par
do que já foi descoberto.

As radiações eletromagnéticas são absorvidas pelo corpo


Esta afirmação é verdadeira. «A antena emite campos de radiofrequência eletromagnética que podem penetrar no cérebro até quatro a seis centímetros de profundidade», refere a neurologista Belina Nunes. Segundo a OMS, «com os níveis de frequência usados pelos telemóveis, a maior parte da energia é absorvida pela pele e por outros tecidos superficiais, resultando num aumento de temperatura negligenciável no cérebro ou noutros órgãos».

As radiações dos telemóveis prejudicam a saúde a longo prazo


Não se pode afirmar levianamente que sim ou que não. A melhor resposta será... talvez! Os efeitos da interação entre as radiações e o corpo humano dependem da intensidade, frequência e energia dos campos eletromagnéticos. O uso de telemóveis tem sido associado hipoteticamente a alguns problemas de saúde (ver caixa), mas a OMS sustém que, «até à data, a investigação não sugere provas consistentes de efeitos adversos na saúde da exposição
a campos de radiofrequência em níveis inferiores aos que causam aquecimento dos tecidos».

«Dado que o uso generalizado e intensivo de telemóveis e telefones sem fios ocorreu apenas nas últimas duas décadas, não é possível ainda ter conclusões definitivas quanto aos efeitos a longo prazo», justifica Belina Nunes.

O telemóvel pode interferir no funcionamento dos pacemakers


Esta afirmação é verdadeira. As radiações emitidas pelos telemóveis podem interferir com aparelhos médicos mas, segundo Moisés Piedade, Coordenador do Departamento de Eletrotécnica do Instituto Superior Técnico, «os pacemakers existentes no mercado não são vulneráveis a radiação eletromagnética externa».


Em todo o caso, «a possibilidade de um telemóvel interferir com um estimulador cardíaco ou desfibrilhador pode ser reduzida,
mantendo uma distância de, pelo
menos, 20 centímetros entre o
telemóvel e o dispositivo», lê-se no
site do projeto de monitorização
da radiação eletromagnética em
comunicações móveis (monIT),
do Instituto de Telecomunicações/
Instituto Superior Técnico.

As crianças são mais vulneráveis às radiações do que os adultos

É verdade. Há que admiti-lo! Embora não estejam
cientificamente reconhecidos os
efeitos dos campos eletromagnéticos,
«as crianças correm maior
risco devido à menor espessura da
calote craniana, atingindo as radiações
eletromagnéticas maior
profundidade dentro do cérebro»,
explica a neurologista Belina Nunes.


As crianças encontram-se
também sujeitas a uma exposição
mais longa no decurso da vida,
pelo que «a posição da OMS vai no
sentido de cada pessoa decidir se
deve ou não limitar a exposição
dos filhos, limitando a duração das
chamadas ou utilizando dispositivos
de alta voz e auriculares»,
conta o site do projeto monIT.


Veja na página seguinte: Dormir perto do telemóvel ou colocá-lo no bolso da camisa é prejudicial?

Dormir perto do telemóvel ou colocá-lo no bolso da camisa é prejudicial

Esta afirmação é falsa. «Estando ligado mas sem
efetuar comunicação, o telemóvel
apenas emite radiação
eletromagnética algumas vezes,
durante breves instantes, para
efeitos de sinalização com a
rede», informa o site do projeto
monIT.

«Dormir
perto do telemóvel, ou mesmo
utilizá-lo como despertador, não
é prejudicial» e que, «no caso de
andar perto do coração, só são necessárias precauções
específicas para quem usa
estimuladores cardíacos», refere mesmo.

Usar uma capa reduz a radiação emitida pelo telemóvel


Mais um mito! «Se bloquearmos a
radiação por qualquer processo,
o telemóvel recebe da estação de
base sinais com menor amplitude
e, automaticamente, aumenta a sua
potência de emissão, pois julga
que a estação de base está mais
longe», explica Moisés Piedade.
Além de não diminuir a emissão de
radiação, o uso de capas diminui
a autonomia do telemóvel.

Ter o telemóvel ligado em bombas de gasolina pode provocar explosões


É verdade. «Pode acontecer
que a radiofrequência emitida
encontre, em objetos metálicos
próximos, condições para
desenvolver uma diferença de
potencial elevada e que possa
provocar faíscas. Num local com
vapores de combustível, pode
ocorrer um incêndio», alerta
Moisés Piedade, segundo o qual
«tal pode acontecer mesmo sem
se estar a atender o telemóvel,
basta que esteja ligado a um
operador de rede móvel».

Falar ao telemóvel enquanto carrega pode provocar um choque


É verdade! Em condições normais
não poderá acontecer, mas é
uma possibilidade «se o carregador
estiver estragado e tiver
perdido o isolamento galvânico,
obrigatório por norma de compatibilidade
eletromagnética», diz
Moisés Piedade.

Os efeitos dos telemóveis na sua saúde

A síntese dos resultados de alguns estudos:

- Mal-estar. Alguns estudos
revelam um aumento de queixas
como vertigens, dores de cabeça
e zumbidos após uso prolongado
do telemóvel.

- Sono. Um estudo avaliou
a estrutura do sono após três
horas de uso diário do telemóvel
e registou uma diminuição das
fases de sono lento e aumento
das frequências associadas à
vigília, alterações que tornam
o sono mais superficial.

- Cérebro. Um estudo com
voluntários saudáveis, realizado
através de tomografia, detetou
um aumento do metabolismo
da glicose nas regiões cerebrais
próximas da antena, mas não foi
possível concluir se é nociva.

- Nervo auditivo. A ocorrência
de zumbidos e tumores benignos
do nervo auditivo tem sido analisada
por vários estudos, sem
atingir valores estatisticamente
significativos.

3 mentiras sobre o telemóvel

1. Os telemóveis mais pequenos
emitem menos radiação.

2. Se o telemóvel estiver no modo
silêncio emite menos radiação.

3. A marca do telemóvel influencia
as radiações que emite.

Uso seguro

Medidas que reduzem a exposição à radiação dos telemóveis:

- Recorra à alta voz, a auriculares e kits mãos livres
- Evite falar em zonas com pouca receção de rede
- Reduza o número e duração das chamadas que realiza e prefira as sms

Veja na página seguinte: A regra obrigatória para os operadores

Regra obrigatória

Existem limites para os níveis
de radiação emitidos pelos
telemóveis.

Para precaver
potenciais riscos para a saúde,
estão estabelecidos os valores
máximos para os níveis de
radiação absorvidos pelo corpo
humano.

Segundo informação
divulgada pelos Instituto de
Telecomunicações/Instituto
Superior Técnico, os operadores
de telemóvel portugueses são
obrigados a regular a potência das
suas antenas para os cumprir.

Texto: Rita Miguel com Belina Nunes (neurologista e diretora da Clínica Memória) e Moisés Piedade (departamento de engenharia electrotécnica do Instituto Superior Técnico)