O seu sorriso, mais do que um mero cartão de visita, fala por si. Ele indicia não só o seu estado de espírito como também revela uma série de hábitos de nutrição, higiene e saúde que pode (não) ter. Dentes manchados ou escurecidos podem revelar que é fumador ou que come regularmente alimentos com pigmentos fortes, como é o caso da beterraba, dos frutos vermelhos, do vinho tinto, do chá e do café. Todas estas manchas são externas e conseguem ser removidas na consulta de higiene oral.
No entanto, existem outras manchas que são internas aos dentes e nesses casos só fazendo um branqueamento dentário para as remover e conseguir recuperar o sorriso branco que toda a gente ambiciona. E o seu hálito também é muito revelador. Pode variar ao longo do dia bem como ao longo da vida, sabia? É alterado por problemas respiratórios, pela acidez do estômago, pela existência de cáries ou porque a sua higiene oral não está tão perfeita como deveria.
Escovar a língua todos os dias, especialmente na sua superfície mais posterior, remove a maioria das bactérias que podem provocar este hálito alterado. Mas muitos ficam-se apenas pelos dentes. Em Portugal, avaliações recentes nesta área revelam números assustadores. Mais de 20% dos adolescentes não lava os dentes diariamente e cerca de 13% nunca foi ao dentista. Mais de 40% dos que o fazem são, por norma, motivados por dor e/ou por problemas dentários. Só 4% dos portugueses usa fio dental ou fita dentária aquando da lavagem dos dentes, apontam ainda outras estimativas, um erro que importa corrigir urgentemente, defendem os médicos dentistas.
Para garantir uma boa higiene oral, deve escolher sempre uma escova macia para não desgastar o esmalte e não traumatizar a gengiva. "Não é necessário comprar uma escova topo de gama. Temos, nas farmácias e nas áreas de saúde e de parafarmácia dos supermercados e hipermercados, uma zona só dedicada à higiene oral com milhentas opções", sublinha Susana Bonito, médica dentista. "Deve ser usada, com dentífrico, pelo menos duas vezes por dia durante cerca de dois minutos", defende.
"A técnica de escovagem aconselhada deve ser feita com a escova direccionada para a gengiva, fazendo movimentos de vaivém ou gestos circulares", recomenda a especialista. "Durante o dia, produzimos saliva que tem uma ação de autolimpeza. Enquanto dormimos, a produção de saliva diminui substancialmente e os dentes, se não foram lavados, ficam a sofrer a ação bacteriana durante a noite. Por isso, nunca se esquecer a escovagem da noite. Ela é fundamental", alerta a dentista.
A escova deve ser guardada num recipiente com as cerdas para cima e sem capa protetora, porque esta não permite a secagem completa da escova, promovendo um ambiente húmido, propício à multiplicação de bactérias. "Deve trocar a sua escova sempre que as cerdas estiverem danificadas ou de três em três meses", recomenda Susana Bonito. Escolher uma pasta de dentes parece ser fácil. No entanto, é uma tarefa complicada que deve ser, idealmente, feita em conjunto com o seu higienista oral ou médico dentista.
São eles que fazem o diagnóstico da sua saúde oral, aconselhando a pasta mais adequada, porque existem pastas com indicações específicas para problemas gengivais, para situações de sensibilidade dentária ou mais vocacionadas para a prevenção de cáries. "As crianças não podem colocar na escova de dentes a mesma quantidade de pasta que os adultos. Os adultos devem colocar a quantidade de pasta igual ao tamanho de uma ervilha e as crianças tamanho da unha do dedo mindinho da criança", esclarece Susana Bonito. Ao contrário do que se dizia ainda há poucos anos, o fio dentário ou a fita dentária devem ser usados todos os dias, uma vez por dia.
Tal como os escovilhões, chega onde a escova não consegue limpar e retira 40% da matéria que dá origem à ação bacteriana. Apesar de haver várias opiniões sobre o uso do fio dental ou da fita dentária, tanto um como outro devem ser utilizados antes da escovagem, uma vez que ao removerem a placa bacteriana que se encontra entre os dentes permitem que o flúor existente na pasta dentífrica penetre mais eficazmente nos espaços inter-dentários, reforçando a ação e a eficácia do produto.
O elixir, também ele essencial a uma desinfeção bocal necessária, é um complemento da higiene oral e ajuda no tratamento dos problemas orais. "Tal como a pasta dentífrica, a escolha do elixir depende dos problemas da sua boca. No entanto, pessoas com uma boca saudável devem fazer bochechos de flúor diariamente", defende Susana Bonito. "Devemos bochechar sempre depois da escovagem, uma vez que o elixir só actua sobre as superfícies dentárias limpas", aconselha ainda a especialista.
A consulta ao dentista deve ser regular. "Deve ter uma frequência, no mínimo, de seis em seis meses", avisa. "Já não se justifica o medo destas consultas, que culturalmente se ganhou porque os métodos antigos não contemplavam o conforto do paciente nem as técnicas usadas eram tão cómodas como as de hoje", refere. "O dentista atual tem quase tanta preocupação com o conforto do seu paciente na cadeira como com as técnicas médicas que usa. E é assim que deve ser", considera ainda Susana Bonito.
"De um modo geral, todos os dentistas já têm os seus consultórios com música ambiente ou com televisão e já recebem formação para tranquilizar os mais nervosos. E, se sentir dor real, o que é diferente de medo, pode pedir para receber uma anestesia local suave, que pode ser aplicada de forma tópica ou intradermica. Segundo Miguel Pavão, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, a pandemia viral de COVID-19 piorou a saúde oral dos portugueses, com muitos a adiar as consultas dentárias.
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