A fala é o ato motor mais rápido realizado pelo ser humano. Falamos aproximadamente com uma velocidade de 4 sílabas por segundo, num processo de elevada complexidade, coordenando respiração, fonação (vibração das cordas vocais), articulação (que modela os diferentes sons) e a linguagem. Este processo é realizado de uma forma sequencial, totalmente sincronizada e com um timing muito especifico.
A gaguez é caracterizada por interrupções inesperadas no fluxo do discurso, que podem ter a forma de repetições, prolongamentos e bloqueios. A diferença para outras pausas normais do discurso é, a pessoa que gagueja sabe exatamente o que quer dizer, mas o som "não sai".
A sensação de não conseguir falar, de ficar “preso”, poderá suscitar um sentimento negativo associado (vergonha, frustração) que poderá condicionar as atitudes perante a comunicação (evitar dizer determinadas palavras ou situações).
A gaguez não tem causa emocional, é uma condição biológica. Estudos recentes demonstram que estamos a falar de uma condição com causa (sobretudo) genética, que poderá influenciar o desenvolvimento da estrutura e funcionamento do cérebro, com consequência no processo da fala. Ansiedade e nervosismo são assim uma consequência da gaguez e não uma causa.
Tratamento
Existem diferentes modelos de intervenção, que variam consoante a idade e as necessidades da pessoa que gagueja. Na intervenção precoce, os pais deverão procurar o aconselhamento de um terapeuta da fala assim que a criança começa a gaguejar.
Nos casos crónicos o objetivo passa por suavizar a gaguez (redução dos sintomas), aumentar os skills relacionados com a comunicação e eliminar o impacto que a gaguez poderá ter na qualidade de vida.
Nos últimos 5 anos realizaram-se investimentos significativos no desenvolvimento de tecnologias auxiliares no tratamento da Gaguez. Foram criadas aplicações móveis (Apps) que permitem uma terapia contínua e desta forma acelerar todo o processo de tratamento.
Um artigo de Gonçalo Leal e Rita Carneiro, Terapeutas da Fala do Centro Tratamento Gaguez.
Comentários