Estudos internacionais recentes revelam que a maior parte das pessoas desconhece as doenças da tiroide, que incluem o hipotiroidismo, os nódulos da tiroide, as tiroidites, o carcinoma medular da tiroide e o cancro da tiroide. Estas patologias afetam mais de um milhão de pessoas em Portugal. Muitas nem sequer têm ideia de como é que estas doenças, apesar de poderem ser facilmente tratadas com recurso a cirurgia e/ou um tratamento com iodo radioativo após a operação, condicionam o seu quotidiano.
Sensação de cansaço persistente, memória enfraquecida, mudanças de humor repentinas, dificuldade em dormir, alterações de peso e depressão são alguns dos sintomas tradicionalmente associados a estas doenças. Estes sinais estão, no entanto, longe de ser exclusivos destas patologias, podendo mesmo mascarar outras ou confundir-se com elas, daí a necessidade de apostar na prevenção e na vigilância, sobretudo no que se refere ao controlo de nódulos e à observação regular do bócio.
As doenças da tiroide atingem maioritariamente as mulheres, especialmente a partir dos 35 anos, sendo a sua incidência oito vezes maior nas mulheres comparativamente aos homens. O aparecimento de nódulos também é cinco vezes mais frequente nas mulheres, o que não faz, contudo, desta uma doença tendencialmente feminina, porque não o é. Estas doenças podem ainda trazer consequências mais graves nas mulheres grávidas e nas crianças, afetando o seu desempenho físico e mental, uma vez que provocam dificuldades de aprendizagem que podem estar na origem de um mau desempenho escolar.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), um dos principais fatores de risco para o aparecimento de alterações da função da tiroide é uma alimentação pobre em iodo. "Em Portugal, a maior parte das pessoas desconhece os efeitos negativos que as doenças da tiroide têm no seu dia a dia. É importante estar atento ao aparecimento de sintomas, até porque, por norma, depois de diagnosticada, a maioria das doenças tem um tratamento fácil", esclarece Maria João Oliveira.
"A prevenção também é fundamental e passa pelo aumento da quantidade de iodo na dieta alimentar", defende a médica endocrinologista, que recomenda uma maior ingestão de peixe e algas. No entanto, os últimos estudos levados a cabo revelam, todavia, que há carência de iodo elevada em algumas zonas do país. "Este facto é preocupante especialmente para as mulheres grávidas e crianças, uma vez que o iodo é essencial para o desenvolvimento físico e mental da criança", alerta a especialista.
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