Hoje, Daniela Pinto já sabe o
que tem de fazer quando começa a sentir os
primeiros sinais de ansiedade, um desconforto aparentemente incontrolável. Mas, até há
bem pouco tempo, não era de todo assim.
«Sempre
que estava preocupada com algum assunto
ou era confrontada com uma situação de
maior stress, sentia um enorme desconforto
no peito», revela.
«Tinha dificuldade em adormecer,
ficava sem apetite e isolava-me. Agora, já sei
que se fizer uma caminhada, por exemplo,
consigo evitar tudo isso», refere Daniela Pinto, de
32 anos, que superou várias crises de ansiedade
nos últimos anos. Um caso real que prova
bem como, com as medidas certas, podemos
vencer a ansiedade.
Inspire-se no seu exemplo
e aprenda a defender-se desta expectativa negativa
que lhe rouba bem-estar e equilíbrio.
Será ansiedade?
Os sinais de ansiedade podem
ser diversos. Alguns são invisíveis,
como o aumento na secreção
de adrenalina, noradrenalina e
cortisol, mas com efeitos bem
fáceis de observar, nomeadamente batimentos
cardíacos acelerados, aumento
da tensão muscular, sudação,
tremores e, por vezes, vertigem,
mal-estar gerado pela alteração
da respiração e apertos ou nós
no estômago ou na garganta. No
plano psicológico, os sentimentos
de medo face a perigos incertos
aumentam (pessimismo, imagens
de catástrofe) e surgem, muitas
vezes, associados a sentimentos
de impotência, de incapacidade
para enfrentar o que possa vir por
aí e de fraqueza pessoal.
A origem do problema
Os estudos indicam vários
fatores que, combinados,
podem desencadear estados
de ansiedade. Entre eles, estão
fatores biológicos (ligados à
reação física exagerada ao stress),
genéticos e ambientais, que
incluem o meio em que se vive, o
contexto emocional,
as experiências da infância e da
adolescência. Vítor Rodrigues,
psicólogo, destaca a influência
da história de vida e de
determinadas características da
personalidade.
«Uma pessoa que
tem uma história de sucessos,
amor e reconhecimento pelos
outros provavelmente vai
considerar-se apta para enfrentar
desafios e dificuldades. Pelo
contrário, se o seu passado
foi marcado por fracassos e
episódios de humilhação e
carência, a probabilidade de surgir
fragilidade e receio é maior»,
refere o psicólogo. Por outro
lado, «pessoas muito pessimistas,
que atribuem a culpa de tudo o
que lhes acontece ao exterior
e que veem o mundo como um
lugar perigoso são mais propensas
a desenvolver ansiedade», indica
ainda o especialista.
Como se trata
«A ansiedade prolongada leva
ao desgaste físico e emocional,
diminui as defesas imunitárias
e, além de estar associada à
infelicidade e à depressão,
está também associada a uma
perspetiva de vida dolorosa,
negativamente imprevisível e
ameaçadora que pode tornar-se
crónica», alerta o psicólogo
Vítor Rodrigues. Felizmente,
existem técnicas que podem
ajudar a compreender e a
gerir melhor a ansiedade.
As técnicas de relaxamento
(meditação e yoga), as técnicas
respiratórias (respirar profunda
e pausadamente) e o simples
exercício físico podem ser
suficientes para acalmar a
fisiologia nervosa. Em alguns
casos, pode haver a necessidade
de recorrer a medicação,
nomeadamente a ansiolíticos
que «obrigam, digamos assim, o organismo a produzir a calma fisiológica
necessária para pensar e sentir
melhor», explica o especialista.
Durante o processo, o psicólogo
tem um papel fundamental. «Por
um lado, ajuda a identificar as
situações que geram ansiedade e
os sentimentos e pensamentos
subjacentes. Por outro, pode
ajudar no treino das técnicas
anti-ansiedade», refere Vítor
Rodrigues, acrescentando ainda
que «a psicoterapia pode mesmo
ajudar a dar novos significados
ao passado, mais compatíveis
com o bem-estar».
O que é a ansiedade?
Trata-se de uma expectativa negativa
face ao futuro, que implica o receio de
acontecimentos e situações que não
saibamos ou não possamos enfrentar. Pode
tornar-se crónica quando deixa de ser
uma resposta momentânea e passageira
e aparece de forma recorrente, durante
meses, anos e, às vezes, décadas.
Veja na página seguinte: 4 situações de risco que pode controlar
1. «Estou a cinco minutos 2. «Com as novas medidas4 situações de risco que pode controlar:
de entrar numa entrevista
de emprego»
O que deve fazer: Respire, de modo
profundo e pausado, durante alguns
minutos, observe a respiração, e diga
para si mesma «Eu sou, por norma, uma pessoa lúcida
e consciente. Por isso, vou fazer tudo o que
puder e isso é tudo o que eu preciso de fazer».
de austeridade, terei ainda
menos dinheiro em 2013»
O que deve fazer: Respire fundo várias
vezes, sente-se, relaxe e pense que, quanto
maior for a sua calma e clareza mental,
maior será a probabilidade de saber gerir
a situação e encontrar soluções criativas.
3. «Tenho discutido imenso
com o meu marido e estou
quase a chegar a casa»
O que deve fazer: Focalize a sua
atenção no coração, respire de forma
a sentir essa área (coração e centro do
peito) e recorde um sentimento agradável
que experimentou (amor, apreciação
estética, admiração) ou um sentimento de
paz que tenha vivido (aquele por do sol
despreocupado à beira-mar, por exemplo).
Cultive esse sentimento dentro de si.
Esta atitude vai dar-lhe mais clareza, mais
calma e a possibilidade de agir de modo
construtivo.
4. «A minha empresa vai anunciar
novos despedimentos»
O que deve fazer: Preparar-se-à melhor
para as eventualidades com calma do
que com agitação. Pondere as suas
possibilidades e questione-se sobre
como pode aumentar a probabilidade
de conservar o seu emprego, ou, se vier
a ser esse o caso, como pode minorar as
consequências do despedimento.
E lembre-se que, às vezes, mudar rotinas
e refazer a vida pode ser bastante positivo.
Texto: Sofia Cardoso com Vítor Rodrigues
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