Burn-out. A palavra é desconhecida de muitos mas afeta mais gente do que se pensa. O termo foi criado, na década de 1970, por um psicólogo norte-americano para descrever as consequências do stresse excessivo, vivido em determinados contextos laborais.

Atualmente, é considerado uma síndrome caracterizada pelo esgotamento físico e mental, associado ao excesso de trabalho.

Surge, normalmente, em situações de workaholismo, quando há um compromisso demasiado pesado com o trabalho, em prejuízo da vida pessoal e familiar, um problema cada vez mais comum. Num recente estudo português, 60 por cento dos inquiridos revelaram ser afetados pelo workaholismo.

Um caso real

Sofia Andrade, consultora de comunicação, sempre muito dedicada ao trabalho e à sua carreira profissional, não percebeu que estava a entrar num quadro de burn-out até ao dia em que, numa consulta de rotina, a sua médica de família a obrigou a parar de trabalhar.

«Em 17 anos de carreira nunca tinha passado por uma situação semelhante. Deixei de ter tempo para mim, para os amigos e para a família. Chegava ao escritório antes da hora de entrada e ficava a trabalhar até de madrugada. Os fins de semana eram passados a trabalhar e cheguei ao ponto de não ter fome, nem sono. Estava completamente viciada no trabalho», recorda.

O burn-out pode desenvolver-se devido a determinadas características de personalidade, geralmente, ocorre em pessoas mais perfecionistas ou por exigências excessivas da entidade patronal. Três anos depois de ter vivido uma situação de burn-out, Sofia Andrade reconhece que a dependência que desenvolveu em relação ao trabalho deveu-se em parte à filosofia da empresa onde trabalhava.

Mas também às exigências que impôs a si mesma. «Eu queria fazer todas as tarefas bem feitas e hoje sei que, por vezes, não podemos ser tão perfecionistas porque o tempo disponível não o permite», acrescenta, em jeito de desabafo.

Da exaustão à doença

As pessoas que sofrem de burn-out têm uma espécie de esgotamento físico e mental com sintomas como dores de cabeça, tonturas, falta de ar, sensação permanente de cansaço, perturbações do sono, dificuldades digestivas, dificuldades de concentração, além de humor instável.

Para prevenir que o trabalho a leve a este nível patológico, é fundamental que perceba que os períodos de descanso são fundamentais. Muitas vezes, são os familiares e amigos que se apercebem de que o trabalho está a ganhar contornos obsessivos, antes da própria pessoa.

Texto: Sofia Cardoso com Ana Cristina Almeida (psicóloga clínica e diretora clínica da Clínica Psicronos em Lisboa), Cláudia Sousa (psicóloga clínica no Instituto Cuf) e Fernando Mesquita (psicólogo clínico e sexólogo)
Edição internet: Luis Batista Gonçalves