A condução agressiva ou “road rage” é caraterizada como um comportamento agressivo ao volante, seja de uma forma verbal ou física, na maior parte das vezes, manifesta-se através de uma fúria momentânea que se traduz em gritar e insultar os outros condutores e que, levada ao extremo, poderá passar para agressões físicas e danos no veículo.
Qualquer pessoa está em risco de um dia sofrer um episódio de “road rage”, dependendo do seu estado emocional, nível de stress e personalidade. Quem sofre de doença do foro mental, encontra-se mais suscetível, influenciando e afetando a capacidade do condutor de reagir adequadamente às situações de trânsito.
Determinadas ocorrências vão evidenciar/provocar alterações emocionais, que tendem a aumentar a incidência de comportamentos imprudentes.
Existem vários fatores e condições que funcionam como um gatilho de “road rage”. O comportamento observado no trânsito é modificável pelo ambiente, nível de stresse que cada indivíduo apresenta, bem como o comportamento dos condutores, podem modificar-se inesperadamente:
- Fatores ambientais: estrada congestionada (lentidão) e filas intermináveis (manobras perigosas, buzinadelas);
- Fatores psicológicos: raiva deslocada (situações que ocorrem no trabalho ou casa), e níveis elevados de stresse;
- Conduzir quando se encontra no estado de irritabilidade, zanga ou frustração;
- Abuso de álcool e drogas.
São várias as situações que podem influenciar estes acontecimentos na condução:
- A pandemia veio alterar a forma como os indivíduos lidam com as situações inesperadas no dia-a-dia;
- A crise social;
- Alterações no sono que levam a uma diminuição da motivação e desgaste;
- Atrasos constantes e diários no percurso para o trabalho e no voltar a casa, até o indivíduo mais calmo, pode torna-se agressivo.
Todas estas situações, abrem um caminho para um possível episódio “road rage”, durante a condução.
Qualquer reação emocional pode entrar no padrão de repetição, e o “road rage” pode acontecer mais do que uma vez. Determinados comportamentos dos condutores precisam de ser reajustados, com intervenção terapêutica/psicológica imediata, para encontrar o verdadeiro problema que está oculto e que origina determinados comportamentos na condução, com o objetivo de trabalhar o indivíduo e a motivação para a mudança nas relações interpessoais.
Por sua vez, se estiver a ser vítima de “road rage” e o condutor estiver com uma postura agressiva, deve optar por estas sugestões:
- Nunca perder a calma;
- Não reagir às provocações, mesmo que tenha razão;
- Evitar o contato visual e reações bruscas;
- Não confrontar o condutor em 'road rage';
- Numa situação extrema, pedir ajuda e apoio da GNR/PSP.
Quem assiste a uma situação deste género, se houver necessidade de intervir, que o faça com ponderação, mantendo sempre uma postura calma e conciliadora. Proteger a vítima de agressão verbal ou física. Ajudar o condutor que está agressivo, tentando não alimentar mais situações explosivas, falando baixo e com tom apaziguador.
Um episódio como este pode ter algumas consequências na saúde mental de todos os afetados. Pode causar traumas nos vários intervenientes, sofrimento físico e psicológico, em casos extremos com a possibilidade de perdas humanas. Estes episódios são geradores de stress, angústia, sentimentos de insegurança e receio em voltar a conduzir.
Um artigo de Sofia Almeida, psicóloga e hipnoterapeuta das Clínicas Dr. Alberto Lopes – Psicologia & Hipnose Clínica.
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