Embora os especialistas aconselhem a aplicação de protetor solar durante todo o ano, nos meses mais quentes, o uso de um fator elevado, aliado a um estilo de vida correto, torna-se um escudo contra os raios ultravioleta, responsáveis por acelerar o processo de envelhecimento cutâneo e por 90 por cento dos cancros de pele.

Este verão, desfrute do sol e da praia mas, antes, reúna os conselhos de Fernando Guerra, dermatologista, para escolher os protetores solares que mais se adequam à sua pele e à da sua família.

A intensidade do sol

«A radiação solar tem três radiações fundamentais de ultravioletas consoante o comprimento de onda. Os UVC, com um comprimento de onda inferior a 290 nanómetros (nm), bactericida, retido pela camada de ozono, que não chega até nós onde seria mortal. Depois, os UVB, de 290 a 320 nm, responsável pelo eritema imediato e, finalmente, os UVA com 320 a 400 nm, responsável pela maior penetração (até à derme) e pelo bronzeamento tardio», descreve Fernando Guerra.

Especialmente quando o sol se encontra a pique (entre as 12h e as 17h) a exposição às radiações ultravioletas aumenta «o risco de cancro cutâneo e provoca o fotoenvelhecimento», alerta o dermatologista. Ter alguns cuidados e aplicar corretamente o protetor solar mais adequado à sua pele é, pois, de suma importância.

A melhor forma de ter a certeza que está a optar por um protetor solar adequado é saber se as substâncias e a textura de cada produto são indicadas para o seu tipo de pele.

Como esclarece Fernando Guerra, «há protetores físicos e químicos. Os primeiros contêm substâncias como o dióxido de titânio que refletem os raios ultra-violetas. Os segundos absorvem a radiação filtrando-a (como os filtros químicos PABA ou cinamatos)».

A maior parte dos protetores solares no mercado é, «mista, filtram e absorvem ou refletem os raios ultravioleta», refere.

A escolha certa

Segundo Fernando Guerra, «devemos comprar um protetor solar de acordo com cada tipo de pele (oleosa, mista ou sensível) e adequado ao fototipo. Quanto mais claro for (fototipo 1 e 2) mais alto deve ser o fator de proteção solar».

Idealmente, deve proteger diariamente, no inverno, as zonas expostas ao sol com um protetor solar com um índice de proteção mínimo 20 e, a partir da primavera, com um índice de proteção 40 ou 50+. Em férias passadas ao sol e na praia, é recomendado o uso de um protetor com índice de proteção alto.

Como explica Fernando Guerra, as fórmulas «em gel são mais indicadas para as peles oleosas e mistas, mas têm a particularidade de serem mais resistentes à água; a loção espalha-se melhor no corpo e, no caso das peles secas, tem, tal como o creme, algum poder hidratante. Geralmente, os homens preferem o spray porque é mais fácil de espalhar, devido aos pelos».

Crianças protegidas

Mais frágeis e ainda a desenvolver o sistema imunitário, as crianças exigem uma atenção redobrada.

Em países solarengos como Portugal, calcula-se que 80 por cento da exposição solar máxima desejável para a vida de um adulto seja obtida antes dos 18 anos. A proteção 50+ é obrigatória em crianças entre os seis meses e os dois anos, devendo-se optar, segundo o dermatologista, «por protetores físicos, que funcionam como barreiras à superfície, e sem perfumes».

Até aos seis meses não é aconselhada qualquer exposição solar ou uso de protetor, uma vez que a pele é demasiado frágil e fina.

Como aplicar

Ainda há quem apenas aplique protetor solar ao chegar à praia, ou seja, quando já está exposto às radiações solares. Fernando Guerra sublinha que «os protetores solares devem ser aplicados em casa, sem roupa, espalhados e numa dose que faça cumprir o índice indicado. Uma vez na praia, repete-se várias vezes a aplicação». As quantidades a usar deveriam, defende, ser bastante superiores às utilizadas.

«Teoricamente, um índice 20 protege a pele 20 vezes mais do que no caso de não se aplicar nada. Mas também só numa quantidade entre cinco e dez mililitros, o que significa que em três a cinco aplicações já devíamos ter esgotado a embalagem. Mas quantas pessoas têm protetores que sobram de um ano para outro? Ao fim de 12 meses da abertura da embalagem, o produto perde o efeito».

5 conselhos finais que protegem a sua pele

1. Evite a exposição solar entre as 12h e as 17h

2. Nas horas de maior calor, procure sombras e zonas frescas

3. Ingira, no mínimo, dois litros de água por dia

4. Não use protetores solares já utilizados no ano anterior

5. Vista as crianças com peças de cores claras e proteja a cabeça com um chapéu

Texto: Fátima Lopes Cardoso com Fernando Guerra (dermatologista)