A alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma substância estranha ao organismo (alergénio). Cerca de trinta por cento dos portugueses são alérgicos. Os doentes alérgicos ou “doentes atópicos” caracterizam-se pela produção aumentada de um tipo de proteínas, as imunoglobulinas E (IgE), que reagem e são específicas para os alergénios.
Estas IgE recobrem células (mastócitos e basófilos), ricas em substâncias que provocam os desagradáveis sintomas alérgicos e que são libertadas quando os alergénios entram em contacto com aquelas proteínas. O doente alérgico relaciona por vezes os seus sintomas com o alergénio desencadeante dos mesmos. Muitas vezes isso não acontece e só o médico, designadamente o Imuno-Alergologista, consegue fazer um diagnóstico adequado da situação. Para tal baseia-se na história clínica e sintomas, no exame físico e nos exames laboratoriais.
No que respeita aos sintomas, os doentes dividem-se em quatro grandes grupos: Num deles predomina a rinite que se manifesta por obstrução nasal, rinorreia (“nariz a pingar”), espirros e prurido (comichão) nasal e ocular; noutro grupo o eczema é a queixa mais frequente manifestando-se por prurido e vermelhidão constante seguindo-se depois secura e descamação da zona da pele alérgica; noutro ainda, a asma, que se manifesta por pieira, tosse e dispneia (dificuldade em respirar, mais ou menos grave), é o principal sintoma; num último grupo, as alergias alimentares predominam com um cortejo de sintomas que vão desde a urticária, à diarreia, aos eczemas ou à asma.
Feito o diagnóstico clínico, impõe-se descobrir qual ou quais os alergénios em causa: ácaros, pó de casa, pelo de gato e cão, fungos, barata, pólen de gramíneas, pólen de árvores e de ervas, leite, ovo, amendoim, peixe, marisco e frutos secos e muitos outros. Para isso o médico recorre a testes de provocação (prick tests) verificando qual a reação da pele do doente frente a alergénios suspeitos e quase sempre pede confirmação ao Patologista Clínico que doseia e identifica as IgE específicas para os alergénios em questão mediante testes especiais (Rasts).
No tratamento das situações agudas utilizam-se anti-histaminicos, corticoides ou aminofilina por via endovenosa ou intramuscular ou ainda nebulizações com beta-adrenérgicos. Na fase crónica, para além de medicação que alivia os sintomas há que afastar o doente do alergénio desencadeante e proceder à sua dessensibilização fazendo o sistema imunológico habituar-se gradualmente ao agente que causa a alergia.
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