A Sardinha cai na categoria de alimentos que são mais do que um prazer à mesa. O peixe que encontramos em águas nacionais goza do estatuto de património nacional, tão diversa no seu consumo quanto o consente o engenho para a preparar, entre outras confeções, grelhada, assada, frita, em escabeche, sem deixar de referir a apresentação em conserva.
Chegados os meses mais quentes do ano, a sardinha revela-se no ponto ideal para o consumo. Coincidentemente, ou não, é neste período que a tradição popular põe a boa sardinha sobre as brasas. A acompanhar a sardinha não pode faltar a batata cozida, o pimento assado e a salada de tomate. Um elenco petisqueiro que, de pronto, associamos ao mês de junho e a associação inalienável com os Santos Populares. António, João e Pedro gostam do folguedo popular.
No que toca à componente nutricional, olhando para a gordura da sardinha, embora o seu teor varie consoante a época do ano, esta espécie é sempre considerada um peixe gordo. Contudo, é no verão que o teor de gordura é maior.
Como qualquer peixe rico em gordura, esta é essencialmente constituída por ácidos gordos do tipo omega-3, em específico, ácidos gordos de cadeia muito longa (EPA, DHA), com papel relevante no sistema imunitário, sistema nervoso e cardiovascular. É ainda uma boa fonte de Ferro, Zinco, vitamina D, B12, entre outros micronutrientes.
As regras de uma boa alimentação dizem-nos que por muito rico que seja um determinado alimento, nenhum vale por si só, devendo sempre ser complementado com outros alimentos que permitem atingir um perfil nutricional completo.
Desta forma, podemos acompanhar a sardinha com batata ou pão, que constituem boas fontes de hidratos de carbono, fundamentais como fonte de energia e ainda, tomate, pimento, dois hortícolas que vão bem no conjunto e representam fontes de fibra e vitamina C.
E, não esquecer: há que consumir com “conta peso e medida”. Por muito bem que nos saiba a sardinha, há que a consumir com moderação. Confesse: com meia dúzia não satisfará o seu desejo pela apetecível sardinha? Faça-o sobre uma fatia de pão e, no final, delicie-se com todo aquele sabor que ali se enrosca no miolo do pãozinho.
Cláudia Viegas é Professora Adjunta na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa. Os seus principais interesses de investigação estão relacionados com Alimentação em contexto de Hotelaria e Restauração na relação com a Saúde Pública, Promoção e Proteção da Saúde e Estilos de Vida.
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