A restrição abrupta de movimentos e a inconstância dos tempos próximos guiam-nos, por vezes, pelos caminhos incontroláveis do stresse e da ansiedade. Na incógnita sobre o controlo da covid-19, a componente emocional da nutrição secundariza a necessidade biológica, gerando duas reações contrárias: o ímpeto de comer - ligado à chamada fome emocional - ou a supressão do apetite.
Segundo alguns estudos que relacionam stresse e saúde, cerca de 30 a 40% dos indivíduos perdem a vontade de comer, enquanto 40 a 70% sentem o oposto. Nos períodos de stresse, falha-se o planeamento, a preparação e o usufruto relaxado das refeições.
Uma recompensa em forma de comida
Simplisticamente, a reação fisiológica ao stresse é desencadeada pelo sistema medular simpático e pelo eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal. Os neurotransmissores e as hormonas “acordados” aumentam o cortisol, a hormona do stresse, gerando apetência por gorduras e hidratos de carbono. Emerge, neste encadeamento, a recompensa com a comida.
Em pequenas doses, estamos preparados para o stresse. Mas se se mantiver, o organismo torna-se suscetível a doenças cardiovasculares, imunes e do sistema nervoso central, e à obesidade. Pode revelar-se na síndrome do intestino irritável, na hipertensão arterial, na diabetes melittus descontrolada ou em doenças do foro psicológico, como a depressão ou a ansiedade.
Os sentimentos comandam a fome emocional, que procura, para se saciar, alimentos mais calóricos, doces ou salgados. A associação da vontade de comer à sensação de tristeza, aborrecimento e ansiedade é um sinal.
A incapacidade de lidar com esta “fome” ou sentimentos, e a confirmação de que só se sente melhor após comer, ou a perda de apetite, justificam a procura da ajuda de um profissional de saúde.
É importante organizar uma rotina e controlar o peso. Legumes crus, cozidos ao vapor ou em sopa, fruta fresca e laticínios magros, para controlar as calorias. Leguminosas, pães e massas integrais, com mais fibra, para saciar. Carnes brancas, peixes magros e ovos, com menos gordura. Azeite para temperar e cozinhar, em dose regrada.
Se, pelo contrário, a comida se tornou dispensável, e houve perda de peso, os frutos secos, para começar, satisfazem em pouca quantidade e fornecem calorias. Legumes cozinhados, para aumentar a quantidade ingerida. Frutas tropicais ou muito calóricas, laticínios meio-gordos e peixes gordos (atum e salmão), para receber mais calorias. O azeite como tempero, e água e sumos (estes mais energéticos) para se hidratar.
Conselhos para quem tem mais apetite
Planeie as refeições semanais. Tente não petiscar entre refeições.
Coma com calma, sentado, sem ver televisão e sem o telemóvel ao lado.
Beba água ao longo do dia. Confunde-se, muitas vezes, fome com sede.
Não restrinja muito a alimentação, sob pena de ser mais um fator de stresse.
Durma sete a nove horas por noite. Evita o aumento do peso corporal.
Faça exercício físico. Ajuda a relaxar e a queimar calorias.
Contacte amigos ou familiares. Falar sobre os problemas reduz o stresse.
Use técnicas de relaxamento, como meditação ou mindfulness.
Conselhos para quem tem menos apetite
Ingira poucos alimentos de cada vez, para evitar a sensação de enfartamento.
Planeie as refeições. Quando não tem apetite, tende a saltar refeições.
Coma alimentos mais calóricos. Atinge as necessidades sem se sentir cheio.
Hidrate-se. Beba água e sumos. Estes fornecem mais energia. Exclua o café.
Relaxe. Leia, faça exercício e pratique meditação, ioga ou mindfulness.
A sopa tira a saciedade. Coma-a após as refeições principais, para não perder
o apetite e não as saltar.
Mantenha uma boa rotina de sono. Controla o stresse e regula o apetite.
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