A estimativa avançada é impressionante e dá que pensar. Mais de 50% da população mundial será obesa em 2025. As previsões da Organização Mundial de Saúde (OMS) são aterradoras mas basta olhar à nossa volta para constatar que não são, de todo, infundadas. Fomos feitos para engordar mas, com um estilo de vida são e ativo e com algum esforço, conseguimos reverter essa tendência, como também sublinham muitos especialistas e investigadores, nacionais e internacionais.

Independentemente da dieta seguida e/ou do tipo de tratamento utilizado para perder peso, cirúrgico ou farmacológico, "a adoção de hábitos de vida saudáveis e equilibrados, com orientações no que toca ao consumo alimentar e à prática regular de exercício físico, é essencial não só para os indivíduos obesos, como para quem tem excesso de peso", sublinhou, numa formação, Paula Freitas, assistente hospitalar do Serviço de Endocrinologia do Centro Hospitalar de São João.

Os 10 principais problemas de saúde que a obesidade pode causar
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"A intervenção dietética, aliada à prática regular de exercício físico, consegue reduções de peso na ordem dos 3% a 5%", assegura a especialista, também professora auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, eleita presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO) em 2015, que aponta aqueles que considera ser os cinco comportamentos que quem quer emagrecer ou manter o peso perdido deve seguir impreterivelmente no seu dia a dia.

Estas são as cinco regras a interiorizar e a pôr em prática em nome da sua saúde e do seu bem-estar:

1. (Re)aprender a comer

Para muitos portugueses, a alimentação continua a ser tudo menos equilibrada. "As orientações dadas ao doente no que toca à sua reeducação alimentar devem ser estruturadas e individualizadas. Contudo, há estratégias que habitualmente utilizamos para que o doente consiga adotar de forma progressiva hábitos mais saudáveis", refere a presidente da SPEO.

2. Negociar hábitos

Um comportamento que vem das consultas com os especialistas. "Numa primeira fase, tentamos negociar com o doente, avaliando os erros que mais comete e definindo objetivos. Por exemplo, se consome muitos refrigerantes, propomos que os reduza numa determinada quantidade até à consulta seguinte, até que abandone o seu consumo por completo", elucida Paula Freitas.

3. Cortar nas calorias

Para perder peso, além de aumentar o grau de atividade física e de aumentar o número de alimentos saudáveis que se ingere, é preciso fechar a boca. "Muitas vezes, a única coisa que se faz é restringir 500 calorias diárias ao que o indivíduo normalmente ingere", esclarece a presidente da SPEO.

4. Registar as refeições

Os portugueses não são, na sua generalidade, dados à escrita mas há muitos especialistas, nacionais e internacionais, que recorrem a esta técnica com êxito. "Outra estratégia que podemos adotar são os diários alimentares, onde os doentes descreverem a sua alimentação", garante Paula Freitas.

5. Fazer mesmo exercício físico

Mexer-se é, para muitos, um verdadeiro drama. "Para alguém que é sedentário e que não faz qualquer tipo de exercício, só o facto de passar a passear o cão todos os dias já é positivo. O mínimo que podemos aconselhar seria que o doente fizesse entre 45 e 60 minutos de marcha, cinco dias por semana", esclarece a especialista.

"No entanto, para obter resultados visíveis, o ideal seria ter seguimento de um fisiologista do exercício físico, que poderá elaborar um plano adaptado às limitações funcionais do doente obeso, por exemplo, a nível articular", refere ainda a presidente da SPEO.