Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade tornou-se uma epidemia global. O problema atinge um elevado número de pessoas em todo o mundo e, entre as principais causas desse crescimento, estão o modo de vida sedentária e uma má dieta alimentar. O exercício físico pode contribuir decisivamente para a redução do peso corporal, para a modelação do corpo, para a melhoria da condição física e para a prevenção e tratamento dos problemas de saúde que favorecem a obesidade.
Contudo, para que estes benefícios sejam reais e evidentes, é necessário ter em conta algumas considerações. Em primeiro lugar, antes da escolha da atividade e do início da prática de exercício, é indispensável a realização de uma consulta médica, tendo em conta que podem existir algumas limitações ou contra indicações e sejam necessárias algumas recomendações para o caso específico.
Normalmente, os desportos mais recomendáveis para pessoas obesas são os aeróbios e/ou de resistência, como as caminhadas, a natação, o ciclismo e os exercícios em ergómetros cardiovasculares específicos. Todavia, é fundamental que os exercícios sejam realizados de forma regular, progressiva e moderada, de forma a evitar esforços bruscos, muito intensos ou demasiado prolongados.
Por outro lado, muito embora o exercício físico contribua para a regularização dos hábitos alimentares e aumente o consumo calórico diário, para que haja uma perda significativa e estável de peso, o exercício deve ser acompanhado por uma dieta baixa em calorias. Segundo a OMS, os níveis de obesidade no mundo duplicaram desde 1980.
Em 2008, 1,4 biliões de adultos acima de 20 anos estavam acima do peso, sendo que desses, 200 milhões de homens e 300 milhões de mulheres eram obesos. E os dados são ainda mais alarmantes. 65% da população mundial vive em países onde o sobrepeso e a obesidade matam mais do que condições relacionadas com o baixo peso. Em 2011, 40 milhões de crianças abaixo da idade de cinco anos estavam com sobrepeso.
Uma grande preocupação médica é o risco elevado de doenças associadas ao sobrepeso e à obesidade, que pode ser de vários tipos:
- Obesidade nutricional
Quando uma pessoa ingere excesso de calorias, através de alimentos com muita gordura.
- Obesidade psicológica
É causada por distúrbios ou condições psicológicas adversas como stresse e ansiedade.
- Obesidade comportamental
Tem origem em erros comportamentais como sedentarismo ou falta de exercício físico.
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Os 10 principais problemas de saúde que a obesidade pode causar
1. Pressão arterial alta
Milhões de pessoas sofrem deste mal, que também é um fator de risco para doenças do coração. A pressão arterial tende a aumentar com o aumento de peso e com a idade. Quem está acima do peso e tem pressão alta, com uma perda de peso de cerca de quatro quilos, pode surpreender-se com a regressão dos níveis da pressão arterial para valores seguros.
2. Diabetes
A obesidade é considerada como um dos fatores mais significativos para o desenvolvimento de resistência à insulina, que acaba por levar à diabetes tipo 2. De acordo com a OMS, mais de 90% dos diabéticos no mundo têm este tipo da doença. Estar acima do peso ou ser obeso contribui para a diabetes e torna as células mais resistentes aos efeitos da insulina. Uma perda de peso de 7 a 9 quilos ajuda diminuir substancialmente este risco.
3. Doenças do coração
A obesidade é um importante fator de risco para desenvolvimento de doenças coronárias, com risco de provocar um ataque cardíaco. Quem está acima do peso tem mais probabilidade de vir a sofrer um ataque cardíaco antes dos 45 anos, um fenómeno que tem vindo a aumentar.
Adolescentes obesos têm um risco maior de ter um ataque cardíaco antes dos 35 anos do que adolescentes não obesos. Assim como no caso do diabetes, perder entre sete a nove quilos ajuda a reduzir o risco de doenças do coração. Exercitar-se regularmente reduz ainda mais este risco.
4. Colesterol elevado
É uma das principais causas de ataques cardíacos. O tipo de colesterol que está envolvido no aumento deste risco é o LDL. Quando os níveis de LDL (low density lipoproteins) aumentam, o risco de doenças coronárias sobe 20%. E, novamente, perder peso ajuda a controlar os níveis de LDL.
5. Cancro
O excesso de peso aumenta em 50% o risco de desenvolver diversos tipos de cancro.
6. Infertilidade
Mulheres com excesso de peso apresentam um risco mais elevado no que se refere a problemas de infertilidade, assim como de cancro do ovário. O nosso organismo deve ter um peso adequado para produzir a quantidade certa de hormonas e regular os processos de ovulação e menstruação. Os homens obesos revelam maior probabilidade de desenvolver problemas de mobilidade e produzir menor quantidade de espermatozoides.
7. Dor lombar
A obesidade é um dos fatores que mais contribuem para as dores lombares e articulares. O excesso de peso pode causar lesões nas partes mais vulneráveis da coluna vertebral (as sobrecarregadas pelo peso corporal). Estar acima do peso também aumenta o risco de desenvolver osteoporose, artrite e osteoartrose.
8. Infeções de pele
Obesos e indivíduos acima do peso podem ter dobras na pele. Essas dobras podem ficar irritadas pelo atrito e suor, o que pode dar origem a infeções de pele.
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9. Úlceras
A obesidade pode contribuir para o desenvolvimento de úlceras gástricas. Estas ocorrem quando existe um desequilíbrio no estômago pelo aumento de ácido gástrico segregado. O risco é maior no caso dos homens.
10. Pedras na vesícula biliar
Estar muito acima do peso aumenta o risco de desenvolver pedras na vesícula, especialmente nas mulheres. Elas ocorrem quando o fígado elimina uma quantidade elevada de bílis, a qual é armazenada na vesícula biliar. A bílis tem a função de ajudar a dissolver as gorduras, e uma dieta rica em gorduras aumenta a sua produção. As pedras na vesícula são mais comuns em mulheres mais velhas e com história familiar da doença.
Alguns especialistas identificam outros dois tipos de obesidade:
- Feminina (ou ginecoide)
Situações onde a gordura se acumula especialmente nos quadris, coxas e nádegas.
- Masculina (ou androide)
Casos em que a gordura se acumula mais na zona da cintura.
Para saber qual o seu tipo de corpo e qual o tipo de exercícios que deve praticar para o potenciar, clique aqui. Como vimos, são diversos os problemas de saúde que podem advir da obesidade, e tendo em consideração que é algo totalmente passível de prevenção, não há desculpas. Afinal, prevenir é sempre melhor do que remediar!
Texto: Filipe Lopes (personal trainer no Holmes Place)
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