O café é uma das bebidas mais populares e consumidas em todo o mundo. Desta forma a sua relação com a hipertensão arterial é de primordial relevância. Esta é complexa e dependente da quantidade e frequência da ingestão, de fatores genéticos e suscetibilidade individual.

De facto, um dos principais componentes do café, a cafeína, tem um efeito estimulante e vasoconstritor que pode levar a um aumento transitório da pressão arterial em pessoas que não sejam consumidoras regulares.

Para além da cafeína, o café é constituído por múltiplos componentes, que possuem um efeito importante no controle e na regulação da pressão arterial, com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes (ácido clorogénico, melanoidinas e flavenóides) e nutrientes essenciais como o magnésio e o potássio.

A evidência científica sugere que pessoas que não estão habituadas a tomar café podem ter os níveis de pressão arterial ligeiramente aumentados (sistólica entre 6-10 mmHg e diastólica entre 4-7 mmHg), durante um período de até 3 horas após o consumo de 200 mg de cafeína, o equivalente a 2-3 cafés.

Contrariamente, pessoas que bebem café regularmente, em quantidades moderadas (1-3 cafés/dia), não apresentam alterações na pressão arterial, sendo este fenómeno devido à provável tolerância desenvolvida à cafeína. Também sabemos que o consumo moderado de café se associa a benefícios para a saúde e a uma redução significativa de doença cardiovascular.

Portanto, se gosta de café, a sugestão é encontrar um equilíbrio. A sua ingestão em quantidades moderadas, associada a uma alimentação e um estilo de vida saudável, são benéficos para a saúde e não têm impacto significativo no aumento ou aparecimento da hipertensão arterial.

Um artigo do médico Paulo Dinis, cardiologista e membro da  Sociedade Portuguesa de Cardiologia.