Os enlatados fazem parte da nossa cultura gastronómica. Não há português que se preze que, nas suas compras mensais ou até mesmo semanais, não coloque uma ou outra conserva de peixe no carrinho. O mais procurado é o atum, que serve para criar uma infinidade de pratos para toda a família, seguido da sardinha, que muitos apreciam em molho de tomate picante para petiscar a solo. A cavala, a anchova, o bacalhau, o polvo, a lula, o mexilhão e o berbigão também têm adeptos.
E se há alguns eram catalogadas como um alimento menos recomendado, atualmente, as conservas portuguesas vivem hoje momentos diferentes, com as fábricas que as produzem a apostar numa maior variedade de sabores e no design apelativo das embalagens, porque os olhos também comem. "Hoje em dia, os alimentos são conservados enquanto ainda se encontram muito frescos, permitindo garantir a manutenção das suas propriedades", refere Ana Neto.
"O processo de conserva permite a manutenção da estrutura e da natureza das proteínas, lípidos e hidratos de carbono dos alimentos", esclarece a nutricionista. "A proteína do peixe mantém o seu valor biológico", garante. "No entanto, como são hidrolisadas, a sua digestão torna-se mais fácil", elogia ainda a especialista num artigo que escreveu para o site Vida Ativa. Para além do seu cariz prático e da sua versatilidade, as das conservas de peixe são ricas em vitaminas, minerais, proteínas e ácidos gordos ómega-3.
O processo de conservação não retira nenhuma propriedade nutricional significativa aos peixes ricos em gordura comumente usados nas conservas, como é o caso do atum, da cavala e da sardinha. A cozedura da sardinha faz com que o cálcio da espinha passe para o músculo. E, como esta se torna comestível com a cocção, então as conservas de sardinha são excelentes fontes de cálcio, nutriente essencial à saúde dos ossos. Para além disso, as conservas também fornecem energia.
Não só por causa dos óleos saudáveis contidos nos peixes, mas também pelo azeite ou óleo que permite a sua conservação. No entanto, nem tudo são virtudes no mundo das conservas de peixe. Há que estar atento ao elevado conteúdo de sal que é, muitas vezes, acrescentado a este tipo de alimento. Antes de comprar uma conserva, consulte sempre o rótulo, para garantir que opta por versões menos salgadas. "Escorra o líquido o melhor possível", recomenda a nutricionista Ana Neto.
"Os valores nutricionais, por exemplo, de atum conservado em água ou atum conservado em óleo vegetal são extremamente díspares", sublinha. "O valor energético, numa porção semelhante de 100 gramas, pode passar, aproximadamente, das 110 calorias no produto em água para as 215 no produto em óleo vegetal", adverte a especialista, que recomenda moderação. "Podem ser uma boa alternativa para consumir mais pescado mas não devem substituir o consumo de peixe fresco", insiste.
3 sugestões para consumir conservas em lata
Se acha que massa com atum é a única coisa que consegue fazer com conservas de peixe, desengane-se. São inúmeras as formas que tem de as saborear:
- Como entrada
Experimente colocar conservas em lata em pratinhos. As sardinhas em molho de tomate picante, o polvo em azeite e alho e os mexilhões em escabeche, três das alternativas disponíveis no mercado, serão os primeiros a desaparecer.
- Em saladas
Da básica salada de bacalhau com grão à requintada salada de cavala com maçã, passando pela prática salada de atum com feijão frade, o mundo vegetal combina sempre bem com uma boa conserva.
- Em molhos
Na gastronomia italiana, as anchovas, de sabor intensamente salgado, são muitas vezes acrescentadas à base do molho de tomate para conferir um gosto diferente a pratos de massa, por exemplo. Fica a sugestão!
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