A desnutrição e a perda de peso excessiva são comumente identificadas nos doentes com cancro e estão, muitas vezes, associadas a uma diminuição da resposta aos tratamentos e a um aumento da mortalidade.

10 alimentos que aumentam o risco de cancro
10 alimentos que aumentam o risco de cancro
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A alimentação não pode ser vista como uma arma isolada contra o cancro, porém, é fundamental para a manutenção de um bom estado nutricional, potenciando, deste modo, os tratamentos e a recuperação. Não há nenhum elemento que tenha obrigatoriamente que estar presente em todos os planos alimentares, uma vez que cada caso deve ser acompanhado de forma individualizada, de acordo com as necessidades nutricionais estabelecidas, em que a desmistificação de mitos é fulcral.

Neste sentido, o doente oncológico deve realizar uma alimentação equilibrada e variada, que confira a energia e os nutrientes de que o seu organismo necessita diariamente. A inclusão de sumos de frutos e vegetais na alimentação diária poderá ser uma opção, mas nunca devem ser utilizados como substitutos de refeições ou elemento principal destas, tal como enfatizado pela American Institute for Cancer Research.

5 porções de fruta e vegetais por dia

Segundo o Oncology Nutrition Dietetic Practice Group da Academy of Nutrition and Dietetics, a ingestão de 5 porções de fruta e vegetais diariamente deve ser realizada com o alimento sob a forma inteira, ou natural, do mesmo.

Contudo, se o doente não atingir este valor, pode recorrer a sumos e batidos. Uma dica importante: para obter um maior benefício, utilize uma maior variedade de ingredientes e misturas, podendo utilizar partes do alimento que, normalmente, não seriam aproveitadas, como por exemplo os talos. Não se esqueça, para a preparação de sumos mais saudáveis, poderão ser incluídos mais vegetais que frutos - um fruto é suficiente!

No caso de doentes com dificuldade de mastigação e/ou deglutição, a redução de fruta e/ou vegetais à forma líquida ou puré pode ser uma boa opção para obter vitaminas e minerais.

Incluir crucíferas na alimentação, tais como como brócolos e couves, assim como alho, agrião, entre outros, tem vindo a ser associado a uma diminuição do risco de diversos tipos de cancro e a uma diminuição da progressão da doença, apesar dos estudos ainda serem insuficientes. Todavia, o doente oncológico tende a alterar a sua alimentação tornando-a demasiado restritiva, quer em termos de paladar, quer em termos nutricionais.

Estas restrições alimentares não se tornam benéficas, uma vez que os tratamentos influenciam a forma como os doentes se alimentam e como o organismo os tolera, podendo conduzir a consequências graves como a desnutrição. Os doentes não deverão seguir dietas demasiado restritivas e devem ingerir os alimentos da sua preferência e que sejam melhor tolerados.

Na verdade, cada caso é um caso e cada doente deverá individualizar a sua alimentação consoante a forma como se sente e tolera os alimentos. Nem todos os doentes com cancro, beneficiam da toma destes sumos e batidos, dependendo muito do tipo de cancro, do tipo de tratamentos, da tolerância e, não menos importante, das preferências alimentares do doente.

É, por isso, importante que a pessoa com doença oncológica procure aconselhamento junto da equipa de saúde que o segue ou de profissionais especializados na área da nutrição oncológica.

As recomendações são da nutricionista Ana Rita Lopes, responsável pela Unidade de Nutrição Clínica do Hospital Lusíadas Lisboa.