Com 11 milhões de habitantes, esta cidade situada na China central está de quarentena desde a última quinta-feira (23), junto a grande parte da província de Hubei, da qual é capital. Mesmo dentro desta zona isolada, os deslocamentos são mínimos e restritos.
No hospital da Cruz Vermelha, vários pacientes relataram o seu cansaço e impotência diante da AFP. Todos aceitaram comentar a situação, mas preferiram não se identificar.
"Há dois dias que não durmo e fico a andar de hospital em hospital. No melhor dos casos, irão atender-me amanhã de manhã", conta um homem, de 30 anos, que está com febre e gostaria de ser examinado.
A epidemia gerou uma psicose na cidade. Muitas pessoas têm ido às urgências hospitalares desesperadas para saber se contraíram o novo vírus.
Na entrada do hospital, uma longa fila de doentes exercitam a paciência durante a longa espera. No local, aguardam a sua vez para serem atendidos em pé ou sentados em pequenos bancos de plástico. Outros, mais prevenidos, trouxeram as suas próprias cadeiras desmontáveis.
Diante da multidão de pacientes, os esforços parecem insuficientes: a epidemia surgiu no país pouco antes do Ano Novo chinês, quando milhares de trabalhadores regressam para as suas cidades de origem, sobrecarregando o sistema de saúde de cada um desses locais.
"As enfermeiras são muito determinadas, mas a gestão desta situação é caótica", admite uma mulher, de 60 anos, que se apoia no filho para conseguir manter-se de pé.
Segundo o seu relato, teve a sorte de "somente esperar cinco horas para ser atendida".
Pouco depois, um idoso queixa-se de ter perdido todo o dia à espera do atendimento e ser mandado para casa por não haver camas disponíveis.
Novas camas
Os hospitais de Wuhan estão saturados, admite a Comissão Municipal de Saúde ao Diário do Povo, jornal oficial do partido comunista chinês.
Com isso, os riscos de contágio podem aumentar.
Por causa desra situação, a cidade começou a construir novos hospitais. Cada nova unidade hospitalar terá um milhão de camas, que estarão prontos dentro de duas semanas.
De acordo com a agência chinesa Xinhua, a cidade tem quatro mil camas hospitalares para os pacientes contaminados e para casos suspeitos.
De momento, "não há lugares para todos, o local está lotado, faltam medicamentos e os pacientes estão abandonados", lamenta um homem, de 30 anos, que já percorreu mais de um hospital em busca de atendimento.
O novo coronavírus, descoberto num mercado situado em Wuhan, já causou 56 mortes e contaminou cerca de 2 mil pessoas desde dezembro.
A maior parte das vítimas foram registadas na província de Hubei e na sua capital, Wuhan.
A partir deste domingo, à meia-noite local, a circulação de carros estará proibida em Wuhan.
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