A toma diária de aspirina reduz significativamente a probabilidade de desenvolver vários tipos de tumores, concluiu um estudo publicado na revista “The Lancet” que alerta, contudo, para que os adultos saudáveis não tomem o medicamento sem recomendação médica.

Trata-se de uma meta-análise, liderada por Peter Rothwell, da University of Oxford, no Reino Unido, que analisou as tendências sobre o cancro recolhidas em oito estudos anteriores, em que participaram 25 mil pessoas e em que se examinavam os efeitos da aspirina na prevenção de eventos vasculares.

Os voluntários desses estudos, em que não foram detectados efeitos em relação ao cancro porque isso não era alvo das investigações, tomaram, pelo menos, 75 miligramas de aspirina por um período de quatro a oito anos. A análise revelou uma clara relação entre o consumo de aspirina e um menor risco de morte em alguns tipos de cancro, entre eles o do estômago, colo-rectal, do esófago, do cérebro, do pâncreas, dos pulmões e da próstata.

Os benefícios nos doentes – que não pareciam aumentar com uma maior dosagem do fármaco – começaram a aparecer após cinco anos de acompanhamento, quando se verificou que os índices de mortalidade por cancro caíram 35 e 54 por cento no caso dos tumores do estômago e do intestino. Também se verificou que a protecção que a aspirina confere se prolonga por décadas: 20 anos depois, a probabilidade de morte foi reduzida em cerca de 10 por cento para o cancro da próstata, 30 por cento para o do pulmão, 40 por cento para o colo-rectal e 60  por cento para o do esófago, em relação aos doentes que não tinham ingerido o medicamento.

De acordo com os especialistas, a ingestão de uma aspirina poderá ser a melhor fórmula para prevenir o cancro em pessoas de 45 a 50 anos, idade em que os tumores começam a desenvolver-se na maior parte dos casos. Neste sentido, o líder da investigação afirmou que esta análise poderá obrigar a rever as recomendações das autoridades de saúde em relação aos prós e contras da aspirina que, até agora, não era prescrita a adultos saudáveis de meia-idade, por haver um pequeno risco de hemorragia interna.

04 de Dezembro de 2010

Fonte: ALERT