Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, estimam que nas últimas cinco décadas a pílula tenha poupado mais de 400.000 mulheres da voracidade das doenças oncológicas.

O efeito de proteção dos contracetivos orais contra o cancro do colo do útero persiste durante décadas após a paragem da ingestão do fármaco, relata a autora do estudo, Valerie Beral, em comunicado.

Este estudo comparou resultados de 36 outras investigações, com dados de 27.276 mulheres com cancro do colo do útero.

Um outro estudo da mesma universidade, publicado em 2008, também concluiu que a toma deste fármaco durante 15 anos reduz para metade o risco de cancro do ovário.

Nas conclusões da investigação mais recente, a equipa de Beral destaca que este "efeito protetor" é cumulativo: por cada cinco anos de toma da pílula, a mulher vê reduzida em 25% a probabilidade de vir a contrair este tipo de cancro. Segundo a investigadora, tomar pílula desde cedo reduz a probabilidade de desenvolver cancro do colo do útero até 30 anos depois da última ingestão do fármaco.

Na investigação, publicada na revista médica The Lancet, lê-se que nos países de maior rendimento, tomar a pílula durante dez anos reduz - de dois terços (66,6%) para apenas um terço (33,3%) - o risco de contrair este tipo de cancro em mulheres com menos de 75 anos.

O estudo surpreende tendo em conta que, durante muito tempo, a pílula foi um assunto controverso. "As pessoas temiam que a pílula causasse cancro", recorda Valerie Beral.