Estudos anteriores do laboratório de Sérgio Dias demonstraram que o colesterol favorece a progressão de cancro de mama (aumentando a divisão celular e a capacidade de invasão das células de cancro de mama), e que níveis de colesterol elevados em pacientes com cancro de mama são indicativos de cancros mais agressivos (maior probabilidade de formar metástases e de resistir a quimioterapia).

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Este estudo testou a hipótese de que o colesterol pudesse também afetar a resposta imunitária contra cancros de mama. Os investigadores focaram-se em particular nos linfócitos T gama-delta, uma população de glóbulos brancos estudada pelo laboratório de Bruno Silva-Santos para imunoterapia do cancro.

A ideia subjacente à imunoterapia com linfócitos T gama-delta é obter sangue do doente, isolar os seus linfócitos e expandir especificamente os do subtipo gama-delta que são dotados de propriedades anti-tumorais.

Estas células podem depois ser re-injectadas em elevados números nestes mesmos doentes. Esta estratégia ainda está na fase pré-clínica, mas torna-se desde já muito importante conhecer os fatores que poderão determinar o sucesso das células imunitárias após a sua administração.

Células com funcionamento alterado

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Neste estudo, o processo foi completamente reproduzido no laboratório, incluindo através da administração das células em modelos animais de cancro de mama.

Os cientistas descobriram que a exposição de linfócitos T gama-delta a colesterol (LDL) altera o seu funcionamento, reduzindo a sua capacidade de reconhecimento de células de cancro de mama, a sua capacidade de ativação, e consequentemente reduzindo a sua eficácia em eliminar células cancerígenas.

A equipa isolou células gama-delta do sangue de dadores saudáveis e expôs essas mesmas células a colesterol, medindo a sua capacidade de incorporar colesterol e quais os efeitos no seu grau de ativação e na sua capacidade de destruir células de cancro de mama.

Utilizando modelos animais de cancro de mama, os cientistas demonstraram que a capacidade antitumoral dos linfócitos T gama-delta é significativamente reduzida quando estas são expostas a colesterol.

A equipa acredita que estes resultados têm importantes implicações no desenvolvimento e implementação de imunoterapias inovadoras para o cancro baseadas na ativação de linfócitos T gama-delta.