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Nos estudos, os autores sugerem mesmo que os doentes devem parar de tomar estes comprimidos
18 de dezembro de 2013 - 11h44
Três novos estudos comprovaram aquilo que muitos médicos, nutricionistas e outros especialistas já defendiam: os suplementos vitamínicos diários não são benéficos para a saúde, não diminuem os riscos de doença coronária, nem os problemas de memória e concentração. Também não aumentam a esperança média de vida.
Os estudos publicados na quarta-feira no jornal “Annals of Internal Medicina”, nos Estados Unidos, revelam que os multivitamínicos e os suplementos minerais não funcionam melhor do que comprimidos placebo e acrescentam que a toma em doses altas pode mesmo ser nociva para a saúde.
Nas investigações, os autores sugerem ainda que os doentes devem parar de tomar estes comprimidos.
“Nós acreditamos que estas vitaminas não funcionam”, diz Eliseo Guallar, médico e professor de Epidemiologia na Escola de Saúde da Universidade de Johns Hopkings.
A maioria das pessoas que toma suplementos vitamínicos fá-lo para combater a falta de algum nutriente, indicam outros estudos. “Seria ótimo se todos os problemas nutricionais pudessem ser resolvidos com um comprimido”, afirma Eliseo Guallar. “Infelizmente, isso não acontece.”
Três investigações abrangentes
No primeiro estudo, investigadores seguiram 6.000 médicos com mais de 65 anos divididos em dois grupos: um tomava um comprimido diário de Centrum Silver e outro um comprimido placebo.
Durante 12 anos, os investigadores fizeram uma bateria de testes à memória dos participantes. Depois de 12 anos, não houve diferenças detetadas entre as memórias dos dois grupos.
Porém, a mesma investigação sugere que os multivitamínicos reduzem o risco de cancro e cataratas em 8% e 9% respetivamente, em comparação com o placebo.
No segundo estudo, foram seguidos 1.700 sobreviventes de ataques cardíacos que para além de receberem tratamento médico para o coração tomaram também os multivitamínicos ou os comprimidos placebo. Depois de 55 meses em análise, ambos os grupos foram sujeitos a análises e novos questionários e não houve diferença significativa nos dois no que respeita a doença coronária, episódios de dor ou casos de morte.
No terceiro estudo, que analisou 27 outras investigações sobre vitamínicos e suplementos minerais, abarcando 450.000 pessoas, descobriu-se que não existe evidência científica de que os suplementos ofereçam benefícios no combate à doença coronária. A mesma investigação também não conseguiu provar que os medicamentos aumentassem a esperança de vida. No entanto, os cientistas descobriram uma diferença associada ao menor risco de cancro no caso dos doentes que tomaram os multivitamínicos.
Perante estes resultados, os investigadores a apelam aos consumidores que deixem de tomar os multivitamínicos caso pretendem combater algum tipo de doença coronária, memória ou tenham simplesmente a esperança de alargar a esperança de vida.
Nuno de Noronha/SAPO Saúde
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