A posição foi transmitida em conferência de imprensa pelo diretor do Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda, para onde as gémeas siamesas foram transferidas após o parto, na maternidade Augusto Ngangula, também na capital angolana, a 2 de abril.

As irmãs que ninguém acredita que são gémeas: são de raças diferentes e estão a conquistar a internet
As irmãs que ninguém acredita que são gémeas: são de raças diferentes e estão a conquistar a internet
Ver artigo

"As bebés siamesas partilham o mesmo coração e o mesmo fígado. Com este achado imagiológico não é viável a intervenção cirúrgica", anunciou Francisco Domingos.

Terceira gémea nasceu sem problemas

As gémeas siamesas - uma terceira gémea nasceu sem problemas - estão a ser acompanhadas por uma equipa multidisciplinar, da qual faz parte o cirurgião cardiotorácico português Manuel Pedro Magalhães.

"O sucesso desse tipo de situações é nulo. Houve várias tentativas no passado, que quando há essa situação de sacrificar um dos gémeos em favor do outro, nenhum dos outros que ficou nunca chegou a ir para casa", alertou o especialista.

Os médicos mantêm um prognóstico "bastante reservado" sobre estas gémeas, tendo em conta a "sobrecarga" aplicada ao coração que os dois recém-nascidos partilham.

Segundo a UNICEF, Angola tem a maior taxa de mortalidade infantil do mundo, com 157 mil crianças a morrerem antes dos cinco anos.

Angola e a Guiné-Bissau estão no grupo de países com piores taxas de mortalidade infantil até aos cinco anos, segundo um relatório daquela agência das Nações Unidas.

Na Guiné-Bissau, morreram 88 crianças por cada mil que nasceram no ano passado. Em Angola, o número de crianças que morreram foi de 83, especifica o documento.

A Somália, com 133 mortes por mil nascimentos, tem o pior resultado do mundo. Seguem-se o Chade (127), a República Centro Africana (124), a Serra Leoa (114), o Mali (111), a Nigéria e República Democrática do Congo, (94), o Benim (98), o Níger e a Guiné Equatorial (91).

Outros países lusófonos africanos têm um resultado mais positivo: Moçambique regista 71 por mortes por mil crianças, enquanto em São Tomé e Príncipe são 34 e em Cabo Verde são 21.

No Brasil, registam-se 15 mortes e em Timor Leste 50. Em Portugal, o número é de quatro mortes por cada criança que nasce.