“Vamos colocar à entrada do hotel um túnel de desinfeção numa estrutura em vidro e vamos colocar o desinfetador ultrassónico, que com um vapor seco desinfeta desde os sapatos à cabeça de quem entra. Trata-se dum investimento de cerca de dois mil euros. E também vamos implementar lâmpadas de desinfeção por luz ultravioleta para acender no quarto quando o hóspede sai, ficando a fazer a desinfeção durante 20 minutos”, relata à Lusa Cláudia Amaral, da administração da Douro Suites, empreendimento de luxo no concelho de Baião, Porto, com vista para as margens do Rio Douro.
O hotel, que reabre na segunda-feira, está a reforçar a limpeza com a “instalação de instrumentos de tecnologia medicinal, ‘kits’ com máscara individual em todos os quartos, toalhetes desinfetantes e dispensadores de álcool gel espalhados pelo empreendimento”, descreve Cláudia Amaral, acrescentando que os funcionários vão ser equipados com toucas e avental de plástico na reabertura.
“Estamos genuinamente preocupados com a parte da segurança. Não basta ter essa certificação [selo ‘Clean & Safe’]. Acredito que é preciso ter mais alguns cuidados para minimizar muita coisa. Este verão a nossa lotação máxima é de 10 pessoas. Temos sete quartos e uma casa com cinco quartos, mas só estamos a utilizar o hotel e só vamos utilizar cinco quartos. É uma segurança para construir uma imagem de segurança”, assume aquela responsável.
Segundo Cláudia Amaral, a Douro Suites já tem reservas para junho, julho, agosto e setembro, sobretudo de portugueses, mas também “algumas reservas de espanhóis, ingleses, austríacos e uma hóspede da Turquia”.
“Em termos de reservas devemos estar a um terço, 30% da nossa capacidade, mas acredito que as pessoas ainda vão marcar mais em cima da hora, porque estão à espera de mais informações sobre o desconfinamento”, explica Cláudia Amaral.
Na Casa da Torre, um empreendimento com vários apartamentos de alojamento de turismo rural no distrito do Porto, o proprietário José Miguel Caeiro está esperançoso que o turista português e espanhol venha salvar o verão, pois desde o início de maio que já começou a ter “algumas reservas de turistas portugueses e até de alguns espanhóis que reservaram uma semana em agosto”.
Para combater o novo coronavírus, a Casa da Torre só aceita reservas de uma família de cada vez.
“Financeiramente é mau para o negócio, mas para quem vem é bom, porque o cliente vai ter total privacidade e limpeza com o espaço só para a família”, explica José Miguel Caeiro, estimando que, com os turistas portugueses a ajudar, as quebras de reservas deste verão sejam de apenas 30% em relação ao verão de 2019.
“Estou convencido que os portugueses vão compensar a procura este verão e a perspetiva não vá ser tão má como se perspetivava”, acrescenta.
Na Casa de Campo de Mirão, distrito do Porto, com acesso direto ao rio Douro e que funciona como complemento agrícola com experiencias de agricultura e apicultura, as medidas implementadas para combater a covid-19 passaram pela aquisição de ‘kits’ para despiste da doença num hóspede com sintomas, com "termómetro e medicamentos", criando-se condições numa divisão específica do alojamento para que o cliente possas aguardar em segurança por instruções da Linha Saúde 24.
A Casa de Mirão também decidiu aumentar o espaçamento entre estadas da mesma habitação de pelo menos 24 horas, para permitir uma “melhor e maior higienização da habitação", e decidiram introduzir medidas na limpeza com fatos de proteção, luvas e máscaras, bem como panos por cores (verde, laranja e vermelho em função da limpeza ou da desinfeção), explica Rafael Pereira.
“O que não nos mata, torna-nos mais fortes e com a retoma e o incentivo do turismo cá dentro canalizámos o negócio para o mercado interno nas redes sociais, promovendo em língua portuguesa e estamos a recuperar. Agora quase todos os dias temos reservas ou pedem-nos informações. A taxa de ocupação já está nos 60% e cerca de 90% são turistas portugueses com famílias, com uma notória preocupação do isolamento”, conta Rafael Pereira, gerente daquele negócio familiar.
Na casa de campo Douro Green, no concelho de Cinfães, distrito de Viseu, ainda se está no processo de aquisição do selo ‘Clean & Safe’, mas já se recebem reservas para julho e agosto, conta Andreia Miranda, funcionária do empreendimento, revelando que julho já está metade reservado e que agosto está “praticamente lotado”, com grupos de amigos e famílias, principalmente turistas portuguesas.
“As pessoas começaram a fazer reservas há cerca de 15 dias e a maior preocupação que referem é se o alojamento está isolado e se há partilha de espaços comuns”, relata Andreia Miranda, explicando que, por causa da covid-19, há espaços como ginásio, sauna e jacúzi que vão estar encerrados nesta fase de desconfinamento.
Paulo Portela, administrador da empresa de atividades turísticas Bello Giro, que organizar roteiros turísticos personalizados na zona Norte, conta à Lusa que “todos os operadores turísticos com quem trabalha estão a “implementar as medidas de limpeza e de segurança aconselhadas pela Direção-Geral da Saúde e pelas associações do setor e passamos essa informação”.
“Os concelhos do interior estão desgraçados, mas isto [turismo com baixa densidade populacional] pode ser uma oportunidade”, considera Paulo Portela, revelando que a sua empresa assenta que nem uma luva ao novo perfil de turismo de época pós-covid, pois “dedica-se a criar roteiros para grupos pequenos”.
“Estamos a sentir que há muita procura da empresa de atividades turísticas para saberem o que fazemos, se fazemos determinada atividade. Ainda no fim de semana passado recebi muitos telefones de famílias portuguesas, de Lisboa, de Santarém, Porto, que querem conhecer a região”, disse.
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março, e entra num novo período de desconfinamento a 01 de junho.
A covid-19 é uma doença que é transmitida por um novo coronavírus detetado em dezembro na cidade de Wuhan, no centro da China.
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