Ana Maia Ferreira, coordenadora do ROPP, que está sediado no IPO-Porto desde 2021, disse à Lusa que em termos de sobrevivência global, neste período e nesta faixa etária, os resultados são “muito bons” e equivalentes aos obtidos a nível europeu e outros países com centros de referência.
“Olhamos para esta taxa de sobrevivência, aos cinco anos, e verificamos que há tumores que estão acima dos 90%. Os resultados que estamos a ter mostram que a maioria das crianças fica curada”, sustentou Ana Maia Ferreira.
Quanto à taxa de sobrevivência global, os números do registo indicam 84,7% a cinco anos (83,5% para rapazes e 86,0% para raparigas).
Para todos os grupos de diagnóstico, a sobrevivência a cinco anos foi sempre superior a 65%, sendo que os linfomas, os retinoblastomas, os tumores renais, os tumores das células germinativas e os melanomas apresentam uma sobrevivência a cinco anos superior a 90%.
No período considerado, a taxa de incidência global de cancro em crianças foi de 180,7/1.000.0000 crianças-ano (rapazes: 189,4/1.000.000 e raparigas: 171,5/1.000.000).
Os três principais tipos de tumores foram leucemias (26,7%), tumores do sistema nervoso central (23,8%) e linfomas (15,0%).
Os dados atualmente disponíveis apontam para uma média de 370 novos doentes por ano, incluindo já a análise parcial até aos 17 anos.
“Há aqui algumas variações anuais que podem requerer uma análise mais aprofundada, por todos os centros que participam no registo. Por exemplo, o número de novos casos parece ter tido uma pequena, muito pequena, redução nos últimos anos, mas esta pode ter sido pontual. Só com dados dos próximos anos é que se perceberá se é uma tendência ou não”, disse.
Os números agora conhecidos são de 2010 a 2019 e são os mais recentes a fazer o retrato da doença oncológica pediátrica em Portugal.
Portugal tem quatro centros de referência para tratamento dos doentes oncológicos pediátricos: o IPO-Porto, o IPO-Lisboa, o Hospital de São João, Porto, e o Hospital Pediátrico de Coimbra.
Todas as crianças com cancro são tratadas no Serviço Nacional de Saúde, nos quatro centros de referência, incluindo as das regiões autónomas da Madeira e dos Açores.
A coordenadora do ROPP defendeu, em declarações à Lusa, que é fundamental que todos os centros de referência nacionais disponibilizem profissionais exclusivamente dedicados ao registo.
“Sem isso é difícil ter dados, porque esse trabalho acaba por recair sobre a equipa médica, obrigando a um esforço muito maior e implicando horas fora do horário. Tem de haver uma pessoa exclusivamente dedicada ao registo oncológico”, considerou, referindo que “Coimbra ainda não tem esse profissional”.
Os dados do ROPP podem ser consultados no site do Registo Oncológico Nacional (RON) – www.ron.min-saude.pt/pt -, órgão centralizado que faz a avaliação da incidência de cancro a nível nacional.
Os dados globais do RON, também sediado no Porto, deverão ser divulgados “no final de novembro”, segundo uma fonte do IPO-Porto.
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