26 de março de 2013 - 15h48
O número de dádivas de sangue no ano passado no hospital dr. Nélio Mendonça, no Funchal, atingiu as 5.630, mais 194 que em 2011, revelou o Serviço de Sangue e Medicina Transfusional, realçando que a Madeira é autossuficiente.
“Estou no serviço desde 2006, as colheitas sempre foram suficientes para as necessidades”, disse à agência Lusa o médico especialista em imuno-hemoterapia Rui Pimenta, admitindo que, “pontualmente”, a unidade chegou a contactar alguns dadores de um grupo de sangue cujas reservas estavam baixas.
A propósito do Dia Nacional do Dador de Sangue, que se assinala na quarta-feira, Rui Pimenta salientou que “estas raras situações”, com a disponibilidade dos dadores de sangue, “foram resolvidas rapidamente e não afetaram o normal funcionamento do hospital”.
“Nesses casos pontuais são contactados diretamente os dadores”, reiterou, frisando que o “serviço não faz apelos pela comunicação social ou redes sociais”, pelo que, quando estes surgem na região, “devem ser considerados falsos e o serviço deve ser logo contactado”.
O médico acrescentou que em outubro último, quando foi detetado o surto de dengue na ilha, entretanto considerado controlado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), o sangue colhido nas quatro semanas anteriores ficou de quarentena “até à realização de testes” quer às dádivas quer aos respetivos dadores, na sequência de uma diretiva da DGS.
Neste caso, reconheceu Rui Pimenta, “as reservas do serviço baixaram subitamente” e “foi necessário pedir concentrados de eritrócitos e concentrados de plaquetas ao Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST)”.
“Foi apenas nessa altura que o serviço teve de pedir estes componentes de fora da região, não por falta de dádivas, mas porque foi necessário testar todos os sangues e chamar todos os dadores que doaram sangue nesse período”, referiu, notando que atualmente todo o sangue colhido é testado para o dengue por indicação do IPST.
Questionado sobre o decreto legislativo regional que dá dispensa do trabalho dois dias, sem perda de direitos ou regalias, a quem doar sangue na Madeira, Rui Pimenta recusa especular: “A verdade é que não sabemos se não é a existência desse diploma que permite a autossuficiência da Madeira em termos de sangue”.
“A Madeira não tem mais nenhum hospital ao qual possa recorrer na região e, em caso de rutura de ‘stock’, sendo necessário um transporte aéreo de sangue, a resposta pode não chegar a tempo útil a quem dele precisa”, esclareceu.
Ao dador de sangue que o solicita é dada uma justificação para entregar à entidade patronal, mas o serviço desconhece se no local de trabalho o dador invoca o direito aos dois dias de descanso.
Lusa