Todos os anos, antes de abrir a época balnear, a DECO PROTESTE publica os resultados do seu teste a protetores solares corporais à venda no mercado. Este ano, também examinou produtos para o rosto com FPS 50 ou 50+. Todos incluem ainda, como recomenda a Comissão Europeia, proteção contra os raios UVA, cujo fator deve corresponder a, pelo menos, um terço do valor de FPS.

Do teste a 15 produtos faciais com FPS 50 ou 50+, sete chumbam em laboratório. Seis correspondem, na realidade, a um FPS 30, sendo que o da Vichy também falha na proteção contra os UVA, tal como o ISDIN. Por ser o parâmetro mais importante do teste, o resultado obtido na proteção solar (FPS ou UVA) é limitativo.

Vitamina D

Fonte de vitamina D, o Sol é fundamental para a saúde dos ossos e dos dentes, mas também para o estado de espírito. A exposição aos raios ultravioleta, sob supervisão médica, até pode ser benéfica para algumas doenças de pele, como psoríase ou eczema. Mas, como quase tudo na vida, moderação é a palavra de ordem.

Os raios UVB são responsáveis por queimaduras solares, os UVA pelo envelhecimento da pele, e ambos contribuem para o cancro de pele. Para aproveitar os benefícios do Sol sem pôr a pele em risco, há que evitar a exposição direta entre as 10h00 e as 16h00, usar chapéu com abas largas, óculos de sol e, claro, aplicar protetor solar no rosto e nas áreas expostas do corpo.

"Muitos são de marcas internacionais, pelo que as organizações de consumidores congéneres da DECO PROTESTE em Espanha, Bélgica, Itália, França e Países Baixos também já denunciaram os maus resultados às respetivas autoridades de saúde, a quem cabe fiscalizar e garantir a qualidade, a eficácia e a segurança dos produtos cosméticos", informa a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO PROTESTE) num artigo que sairá na revista Saúde, edição de abril, e que foi divulgado ao CONSELHETÓRIO em primeira mão.

As organizações de consumidores exigem controlo, para garantir que estes protetores solares cumprem a lei e são corretamente rotulados como FPS 30. Enquanto tal não acontecer, a venda deve ser suspensa, cabendo sanções aos fabricantes, por não respeitarem os consumidores nem a regulamentação.

A Direção-Geral da Saúde recomenda protetores com FPS 30, no mínimo. O rosto requer particular atenção, pelo que é preferível apostar numa proteção superior, com FPS 50 ou 50+, sobretudo em pessoas de tez clara ou sensível. Além de estar mais exposta à radiação solar, a epiderme – camada superficial da pele – da cara é mais fina e vulnerável ao fotoenvelhecimento (danos causados pelos raios UV, como rugas, manchas escuras e outro tipo de pigmentação).

Quase metade dos protetores solares faciais chumba nos testes da DECO PROTESTE
Quase metade dos protetores solares faciais chumba nos testes da DECO PROTESTE Tabela com resultados do teste será divulgada pela DECO PROTESTE em abril na Revista Saúde

Mais cuidados

Os protetores solares faciais deverão ter uma formulação própria para a pele mais sensível e delicada do rosto. Tendem a ser mais fluidos, para não obstruir os poros, e menos gordurosos, não deixando a pele reluzente. Mais fáceis de espalhar, não deixam aquelas inestéticas marcas brancas. Além disso, tendem a não incluir as fragrâncias típicas dos protetores que se associam à praia (monoi, óleo de coco, etc.).

"O seu pequeno formato, geralmente de 40 ou 50 mililitros, é mais prático para levar na mala ou no bolso para qualquer lado. Resumindo: os protetores solares faciais são mais adequados para o rosto e incluem filtros solares idênticos aos dos produtos corporais", refere o artigo.

"Mas os resultados do teste revelam que muitos não cumprem o fator de proteção solar (FPS) anunciado. Alguns são enganosos e inseguros: anunciam um FPS de 50 ou 50+, mas, na realidade, têm FPS 30", alerta a DECO PROTESTE.

"Podem criar uma sensação de falsa segurança em pessoas com pele mais vulnerável – clara, com sardas ou com afeções dermatológicas – que precisem de um fator de proteção elevado. Ficam, na realidade, mais expostas aos riscos das radiações: queimaduras solares, envelhecimento precoce, lesões e, mais grave, cancro de pele", acrescenta.

Máxima proteção desde três euros

Oito produtos testados pela DECO Proteste cumprem o fator 50 ou 50+ anunciado. Todos filtram, igualmente, os raios UVA, responsáveis pelo envelhecimento da pele.

O My Label, do Continente, confere boa proteção e custa cerca de 3 euros apenas, pelo que é Escolha Acertada da associação de defesa do consumidor. Face aos restantes produtos do teste, confere uma poupança de 23 euros, em média, por 50 mililitros.

"Todos os produtos foram apreciados por um painel de utilizadores, que avaliou, sem ver a marca, consistência, odor, facilidade de aplicar e absorção. Se tiver uma pele sensível, evite os que incluem fragrâncias alergénicas. E consulte o quadro para saber mais", esclarece a associação.

O impacto ambiental é um aspeto a melhorar por todos os fabricantes. Há muito desperdício de embalagem e, na maioria dos casos, não se consegue aproveitar o creme até ao fim. A DECO PROTESTE também detetou substâncias com impacto negativo no ambiente, como octocrileno (filtro solar) ou limoneno (fragrância alergénica).

"Para usufruir do Sol sem riscos, proteja a pele da radiação, não só na praia, como também em qualquer atividade no exterior, incluindo em dias nublados. Mesmo com fator 50+, para ser eficaz, o protetor deve ser renovado de duas em duas horas", conclui.