Cerca de 40 mil clínicos elegem hoje o bastonário da Ordem dos Médicos na segunda volta de uma eleição disputada por Isabel Caixeiro e José Manuel Silva, que presidiram, respectivamente, as secções Sul e Centro do organismo. A primeira volta das eleições, que decorreu a 15 de Dezembro, teve pouca participação dos médicos.
Dos 40.730 médicos inscritos, apenas votaram 9614 (23,60 por cento), mas os dois candidatos estão confiantes numa elevada participação no acto eleitoral de hoje. José Manuel Silva ganhou a primeira volta por uma escassa margem de votos, obtendo 38,78 por cento das votações, contra os 37,77 por cento obtidos por Isabel Caixeiro.
Os outros dois candidatos, Jaime Mendes e Manuel Brito, obtiveram, respectivamente, 10,10 por cento e 9,80 por cento dos votos, ficando-se assim pela primeira ronda eleitoral. O bastonário que for hoje eleito para o triénio, substituirá Pedro Nunes, que lidera o organismo desde 2005.
Se for eleito, José Manuel Silva, que presidiu a Secção Centro nos últimos três anos, vai começar por "desencadear o processo de revisão dos estatutos da OM, absolutamente essencial, e por dar atenção aos problemas dos jovens que estão a ser confrontados com uma realidade muito complexa e difícil”.
Outras medidas anunciadas pelo especialista em Medicina Interna e professor da Faculdade de Medicina de Coimbra passam por “colocar a OM como um parceiro activo das grandes questões da saúde, mas sobretudo a ter uma palavra muito forte e determinada contra as últimas medidas anunciadas pelo Governo, nomeadamente no campo da prescrição por DCI [substância activa] ou de querer, sem condições e sem contrapartidas, amarrar os jovens especialistas a trabalhar no sector público”.
Já a especialista em Medicina Geral e Familiar Isabel Caixeiro, que se for eleita será a primeira mulher a liderar a Ordem dos Médicos, tem já delineadas as “medidas mais urgentes” e que decorrem de a OM ter “uma posição muito firme e muito concreta em relação aos cortes que estão a ser programados para a área da saúde”.
Uma das preocupações da candidata é a prescrição electrónica obrigatória, por considerar que ainda não está nada estruturado para que essa ferramenta seja realizável já em Março. Outra preocupação tem a ver com a obrigatoriedade de os jovens médicos ficarem no SNS por um período mínimo igual ao tempo da sua formação pós-graduada.
Isabel Caixeiro, que presidiu nos últimos seis anos à Secção Sul da OM quer ainda “reposicionar os valores da medicina e dos médicos na sociedade em detrimento dos valores económicos que ultimamente têm estado mais em vigor”. Defende ainda carreiras para os médicos mais jovens e a sustentabilidade do SNS, com a OM a colaborar como “parceiro na definição de qual será a melhor maneira para que não sejam feitos cortes cegos que limitem a qualidade dos cuidados”.
19 de janeiro de 2011
Fonte: LUSA/SAPO
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