"Mais pessoas morrem da poluição do ar do que do terrorismo ou de todas as guerras entre a Índia e o Paquistão juntas", explicou o escritor em entrevista à agência espanhola Efe em Nova Deli, cuja camada de poluição no ar que ali se regista é confundida com um denso nevoeiro.

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Singh culpa o desdém com que a questão é encarada pelas autoridades, já que não são confrontadas com mortes "espetaculares", agravando principalmente doenças preexistentes ou provocando outras mais tarde.

Além disso, os 'media', os centros de pesquisa e os políticos colocam o foco da poluição na capital, mas a verdade é que "a qualidade do ar nas aldeias do norte da Índia é similar ou às vezes muito pior do que a das cidades", defendeu.

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O recurso a alguns métodos no setor da agricultura, a poluição dos veículos motorizados e a indústria são aqueles que mais contribuem para esta situação.

"Embora as emissões industriais 'per capita' sejam muito baixas em comparação com a Europa e a base industrial da Índia também seja baixa em comparação com muitos países, a crise da poluição do ar na Índia é pior", afirmou Singh, atribuindo esse resultado ao uso de tecnologias ineficientes.

A um nível mais amplo, o especialista defendeu que deve ser incentivado um debate público sobre se a Índia deve industrializar-se e converter-se num grande exportador como a China ou, pelo contrário, se deve concentrar-se no setor dos serviços e apostar na produção doméstica.

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Poluição mata mais do que guerras, desastres e fome

A poluição ambiental mata mais pessoas anualmente que todas as guerras e violência no mundo, tabaco, fome, desastres naturais, SIDA, tuberculose e malária, concluiu um estudo norte-americano divulgado em 2017.

Uma em cada seis mortes prematuras no mundo em 2015, cerca de nove milhões, podem ser atribuídas a doenças por exposição tóxica, frisa uma investigação da revista científica The Lancet. O custo financeiro das mortes relacionadas com a poluição, doenças e segurança social é igualmente enorme, acrescentou o estudo, apontando para 4,6 mil milhões de dólares em perdas anuais, ou cerca de 6,2% da economia global.

“Tem havido muito estudo sobre a poluição, mas nunca foi alvo dos recursos ou nível de atenção de algo como a SIDA ou as alterações climáticas”, disse o epidemiologista Philip Landrigan, diretor do departamento de saúde global da Icahn School of Medicine em Mount Sinai, Nova Iorque, e principal autor desse relatório.