6 de novembro de 2013 - 11h53
A concentração de gases na atmosfera atingiu um novo recorde em 2012 estando a contribuir para uma aceleração das alterações climáticas, anunciaram hoje as Nações Unidas.
No relatório anual sobre o efeito de estufa, Organização Meteorológica Mundial (OMM) indica que a concentração de dióxido de carbono (CO2) e metano atingiram valores superiores durante 2012.
Entre 1990 e 2012 registou-se um aumento de 32 por cento devido às emissões de dióxido de carbono e outros gases de grande duração sendo que o dióxido de carbono procedente das emissões relacionadas com o uso de combustíveis fósseis compreende 80 por cento desse aumento.
De acordo com a OMM, o aumento de CO2 presente na atmosfera entre 2011 e 2012 foi superior à taxa média do aumento anual durante os últimos dez anos.
“Desde o início da era industrial em 1750, a média da concentração atmosférica mundial de CO2 aumentou 41 por cento; a de metano 160 por cento e óxido nitroso 20 por cento”, de acordo com o relatório.
Para a OMM, o que está a acontecer na atmosfera tem um alcance muito maior porque metade do CO2 emitido pela atividade humana permanece na atmosfera, enquanto o restante é absorvido pela biosfera e pelos oceanos.

Clima mudou
O secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, disse que as concentrações de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso atingiram níveis sem precedentes e como consequência o clima mudou, “é mais estranho” e os mantos de gelo e os glaciares estão a derreter.
“Caso continue a atual evolução, no final deste século as temperaturas médias mundiais podem chegar a aumentar 4,6 graus e, mesmo mais em algumas partes do mundo, o que pode ter consequências devastadoras”, afirmou o responsável.
Para contrariar esta tendência, Jarraud defende a redução “de forma substancial e sustentável” de emissões de gases de efeito de estufa.
“Devemos atuar agora porque de outra forma estaremos a pôr em perigo o futuro dos nossos filhos, netos e gerações futuras. O tempo não corre a nosso favor”, alertou.
O relatório indica que o dióxido de carbono é o gás de efeito de estufa mais importante provocado pela atividade humana e com uma presença atmosférica que atingiu as 393,1 partes por milhão em 2012, o que equivale a 141 por cento mais do que os níveis pré-industriais, que correspondiam a 289 partes por milhão.
Sobre o metano, os dados recolhidos pela OMM referem que se trata do segundo gás de efeito de estufa de grande duração mais importante, sendo que cerca de 40 por cento destas emissões procedem de fontes naturais como a humidade e os restantes 60 por cento provêm de atividades como a criação de gado, o cultivo de arroz, a exploração de combustíveis fósseis e combustão de biomassa.
Após um período de estabilização, as emissões de metano têm vindo a aumentar desde 2007 e, no ano passado, alcançaram um máximo de 1.1819 por milhão de milhões, o que corresponde a 260 por cento em relação aos níveis pré-industriais.
Em relação ao óxido nitroso, a OMM indica que 60 por cento das emissões vêm de fontes naturais e que 40 por cento provêm de atividades como a combustão de biomassa, o uso de fertilizantes ou mesmo de diversos processos industriais.

Poluição e cancro
Em outubro, o Centro Internacional para a Investigação do Cancro (IARC), uma agência especializada da Organização Mundial de Saúde (OMS), alertou para o facto da poluição atmosférica fazer parte da lista de agentes cancerígenos.
Um estudo da organização, publicado na altura, revelava que a exposição à poluição atmosférica está na origem de cancro do pulmão e da bexiga.
“O ar que respiramos tornou-se poluído com uma mistura de substâncias causadoras de cancro”, explicou o chefe da secção de monografias do IARC, Kurt Straif. “Sabemos agora que a poluição do ar não é só um risco para a saúde em geral, mas também uma das principais causas ambientais das mortes por cancro”, acrescentou.
De acordo com o estudo do IARC, o cancro do pulmão foi responsável pela morte a 223 mil pessoas, em 2010, mais de metade na China e noutros países do Leste Asiático. Contudo, os investigadores alertam que, apesar de a composição do ar variar, as conclusões do estudo aplicam-se a todas as regiões do mundo.

SAPO Saúde com Lusa