A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que se passe dos 50 milhões de casos de demência em 2017 para os 152 milhões em 2050, uma tendência que acompanha o gradual envelhecimento da população mundial.

Para travar estas previsões, a OMS lançou hoje o Observatório Global de Demências (Global Dementia Observatory), uma plataforma que tem como objetivo partilhar dados sobre a doença junto dos vários países de modo a consciencializá-los para a criação de políticas que fortaleçam os sistemas de saúde e de assistência social.

"Este é o primeiro sistema de monitorização mundial de demências com dados completos", disse Tarun Dua, do departamento de Saúde Mental e Dependências da OMS, na apresentação.

Joaquim Cerejeira, Psiquiatra, Diretor Clínico da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra
Joaquim Cerejeira, Psiquiatra, Diretor Clínico da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra Joaquim Cerejeira, Médico Psiquiatra créditos: DR

De acordo com o psiquiatra Joaquim Cerejeira, diretor clínico da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra, "é preciso apostar na prevenção da demência, com o recurso à diminuição dos fatores de risco como tabagismo, isolamento social e inatividade física, mas também promover a estimulação cognitiva e outras atividades que permitam exercitar o cérebro das pessoas".

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Segundo este médico, a demência é o termo utilizado para descrever os sintomas de um grupo alargado de doenças que causam um declínio progressivo no funcionamento da pessoa.

A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, constituindo cerca de 50% a 70% de todos os casos.

Os sintomas iniciais de demência incluem perda de memória frequente e progressiva; confusão; alterações da personalidade; apatia e isolamento; e perda de capacidade para a execução das tarefas diárias.

Com o agravamento da doença verifica-se agitação, comportamento motor aberrante, ansiedade, exaltação, irritabilidade, depressão, delírios, alucinações e alterações do sono ou do apetite, enumera o especialista.

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O custo anual estimado das demências em todo o mundo é de cerca de 700 mil milhões de euros, o que equivale a mais de 1% da riqueza produzida mundialmente.

O custo total inclui gastos com tratamentos médicos, apoio social e ajuda informal (perda de rendimento pelos cuidadores).

Em 2030, os gastos estimados deverão ter mais que duplicado, chegando aos 1,6 biliões de euros, um custo que pode minar o desenvolvimento social e económico e sobrecarregar os serviços sociais e de saúde, incluindo os sistemas de saúde.