A exposição ao produto, considerado pela OMS como um dos 10 principais tóxicos a combater em prol da saúde pública, pode causar problemas crónicos que incluem anemia, hipertensão, danos nos órgãos reprodutivos e problemas neurológicos irreversíveis, indica a agência da ONU num comunicado divulgado na segunda-feira.

A OMS recomenda a identificação das fontes de contaminação por chumbo o mais rápido possível, principalmente nos casos em que se detetam níveis do metal no sangue considerados perigosos (acima dos cinco migrogramas por decilitro).

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou que 800 milhões de crianças, um terço do total mundial, têm níveis superiores ao de risco, recorda a OMS.

“A exposição ao chumbo é muito perigosa para o desenvolvimento cerebral da criança, podendo levar à redução do quociente de inteligência, da atenção, da capacidade de aprendizagem e a alguns problemas de comportamento”, salientou a diretora do Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, Maria Neira.

A organização calcula que 30% das deficiências intelectuais não inatas, 4,6% das doenças cardiovasculares e 3% dos problemas renais crónicos podem dever-se à exposição excessiva ao chumbo, que pode afetar vários sistemas do corpo humano, como o nervoso, o reprodutivo e o imunológico.

Minas, fundições, zonas de reciclagem de aparelhos eletrónicos e baterias, presentes principalmente em países em desenvolvimento, contribuem para o aumento da exposição das populações ao chumbo, embora também existam inúmeros casos de contaminação com tintas que utilizam o metal, inclusivamente em habitações, escolas e hospitais.

Um trabalho do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, realizado entre 2014 e 2019 e divulgado em 2020, indicava que a exposição diária da população portuguesa ao chumbo não ultrapassava os valores-guia.