As cinco exposições, inseridas na iniciativa Saúde Mental e Arte do Programa Nacional para a Saúde Mental, estão divididas por núcleos temáticos, nos quais "a autorrepresentação ou a representação do outro" são "a matriz principal da seleção", disse à agência Lusa o comissário responsável pelas artes plásticas deste projeto, Carlos Antunes.

Para Carlos Antunes, a arte surge aqui como "veículo" que os doentes mentais "têm de comunicar com o mundo, encontrando na produção plástica uma razão de existir e de comunicar".

A iniciativa terá expostas as obras no átrio do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (12 de setembro a 10 de outubro), no Museu Nacional Machado de Castro (03 de outubro a 12 de outubro), na Casa Museu Bissaya Barreto (08 de outubro a 24 de outubro), no Museu da Ciência (10 de outubro a 05 de janeiro) e na Casa da Escrita (03 de novembro a 30 de novembro).

Segundo o curador, a exposição no Museu da Ciência "é a grande exposição do evento", que poderia, "sem nenhuma espécie de condescendência, estar presente em qualquer museu do mundo".

Nessa exposição, o público terá "uma experiência esmagadora", encontrando "uma enorme instalação" de 112 pequenas cabeças de barro "suspensas" e representações de corpos e de rostos nas paredes, centrando-se sobre "a representação do próprio".

No Museu Nacional Machado de Castro, a exposição estará mais focada "na representação do outro e de uma certa animalidade", com "coisas que aparecem com algum fulgor e força e que inquietam e assustam" os artistas.

Segundo o curador, na Casa Museu Bissaya Barreto estará uma seleção de obras em torno da paisagem e na Casa da Escrita obras ligadas "a uma ideia de geometrização".

O que Carlos Antunes encontrou nas obras destes artistas "não foi um elemento diferenciador, mas uma enorme continuidade", sublinhando que "não houve nenhum tipo de comiseração" e que a exposição surge como se fosse "uma exposição de jovens artistas que ninguém conhece".

Álvaro de Carvalho, diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental, afirmou que esta iniciativa "tem um peso muito grande" para o combate ao estigma da doença mental, considerando que as exposições "tornam visível algo que surge de forma espontânea, mostrando aos cidadãos comuns que pessoas com doença mental têm um capacidade criativa tão grande ou maior" que o resto da população.

A arte funciona "como terapia", com os doentes "a representarem-se e a materializarem os seus fantasmas e os seus desejos", afirmou.

O projeto Saúde Mental e Arte decorre em Coimbra e envolve também espetáculos em torno das artes cénicas e dança, envolvendo mais de 400 pessoas.