"Nem todos os medicamentos que encontramos no mercado formal e informal de forma ilegal foram comprados pelo Ministério da Saúde", alertou a chefe do Departamento Farmacêutico, citada hoje pelo jornal Notícias.

Segundo Tânia Sitoe, Moçambique enfrenta, como outros países, a entrada de medicamentos falsos ou fora de prazo, através de agentes privados, apelando à população para não comprar fármacos em barracas ou mercados informais.

A responsável do Ministério da Saúde disse que está prevista a instalação de centros farmacêuticos em todas as capitais provinciais para registo e inspeção dos medicamentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

No início do próximo ano, avançou, será também apetrechado um laboratório em Maputo, igualmente com a finalidade de controlo de qualidade dos fármacos.

Uma auditoria do Ministério da Saúde de Moçambique detetou indícios de desvio de cerca de 10% de medicamentos do SNS, disse em novembro o vice-ministro da Saúde.

O nível de roubo de fármacos reduziu nos últimos tempos, assinalou Mouzinho Saíde, mas continuavam a ocorrer sérias irregularidades na gestão dos medicamentos do SNS.

Segundo o vice-ministro, a auditoria analisou amostras de medicamentos avaliadas em cerca de 26 milhões de dólares (24,2 milhões de euros), mas detetou que havia indícios de desvios de cerca de 10% dessa quantidade.

Em associação com a onda de roubos de medicamentos do SNS, as autoridades determinaram o encerramento de duas farmácias e a aplicação de multas a 24, acrescentou.

De acordo com o vice-ministro, as atividades inspetivas detetaram situações de não envio de medicamentos para as províncias e a descoberta nas farmácias privadas de medicamentos de uso exclusivo no SNS.

Na mesma altura, a polícia moçambicana declarou guerra à venda de remédios nos mercados informais, tendo lançado em Chimoio, província de Manica, centro de Moçambique, uma operação relâmpago para desativar redes de vendedores e atendimentos clínicos ilegais.

"A operação pretende travar a proliferação de medicamentos nos mercados informais e cortar a logística que incentiva o roubo de fármacos nos depósitos e hospitais públicos", disse na altura à Lusa Vasco Matusse, porta-voz do comando da Polícia de Manica.

Milhares de moradores da província de Manica compram medicamentos nos mercados informais, alimentando um negócio geralmente assegurado por jovens sem qualificações farmacêuticas e que garantem também o atendimento clínico.