“Eu acho que todos os portugueses e os médicos, incluindo, têm consciência de que quando nós estamos a propor aumentos salariais, que são nuns casos de 23%, noutros casos de 32% e, noutros casos, […] o aumento é mesmo de 50%. Não estamos a falar de aumentos que se possam desvalorizar”, disse Manuel Pizarro a dois dias de uma ronda de negociações prevista para quinta-feira com os representantes dos médicos.
À margem de uma visita à Unidade de Saúde Familiar Lendas de Olhão, no Centro de Saúde desta cidade algarvia, o responsável governamental assegurou que irá ainda elaborar “um documento com maior detalhe técnico” do que aquele que já foi distribuído e considerou não é a falta desse texto “que impedirá a conclusão das negociações”, que espera que irão chegar a “bom termo”.
O ministro recordou que “para haver um entendimento tem que haver uma aproximação de ambas as partes”.
“A mim não me agrada a ideia de haver greve enquanto se está a negociar, mas respeito naturalmente o direito das pessoas pensarem de outra forma”, disse Manuel Pizarro, acrescentando que o país vive “numa sociedade democrática onde as pessoas têm direito à greve”.
A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) convocou para hoje e quarta-feira uma greve nacional e acusou na segunda-feira o ministro da Saúde de “empurrar o país para uma tragédia anunciada” com risco de mortes.
A Fnam considerou ainda que a proposta do Governo para aqueles profissionais está “cheia de desigualdades”.
“O [ministro da Saúde] doutor Manuel Pizarro infelizmente está a empurrar o país para uma tragédia anunciada onde podem acontecer mortes, onde podem acontecer outras tragédias e a responsabilidade é inteiramente do Governo se nada fizer ou não incorporar o que os médicos têm neste processo negocial”, acusou a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, no final de uma reunião de urgência do Fórum Médico no Porto.
No final da mesma reunião, o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) alertou que os sindicatos ainda não conhecem a proposta do executivo e que apesar de alguma abertura “há ainda um oceano a separar as duas partes”.
“Estamos muitíssimo preocupados com o desenvolver da situação, houve, de facto, naquela reunião [na quinta-feira entre o ministro da Saúde e os sindicatos dos médicos], alguma abertura mas ainda nos separa um oceano para chegarmos a um eventual acordo”, disse Jorge Roque da Cunha.
Para o sindicalista, “não basta o Governo anunciar uma proposta, é preciso que haja medidas concretas em relação àquilo que é anunciado por parte do Governo. Estamos a três dias da reunião e ainda não temos os documentos concretos”, criticou.
Segundo Joana Bordalo e Sá, a Fnam quer uma proposta por escrito e quer “conhecer o que o Governo resolveu legislar unilateralmente em Conselhos de Ministros sobre o novo regime de dedicação plena e a questão das Unidades de Saúde familiar”.
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