O presidente da SRCOM, Carlos Cortes, reuniu hoje com o Conselho de Administração (CA) da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda para avaliar as consequências do Aviso n.º 12330-A/2021, relacionado com o mais recente mapa de colocação de recém-especialistas que, em relação à ULS, atribui sete vagas para recrutamentos de médicos para áreas hospitalares e três para Cuidados de Saúde Primários.
No final da reunião, o responsável referiu aos jornalistas que o CA da ULS, presidido por João Barranca, informou que foram solicitadas 45 vagas ao Ministério da Saúde e este “só atribuiu 10”.
“O Ministério da Saúde coloca-se, neste momento, como o principal causador da desertificação do interior, porque não aposta precisamente nestes hospitais [como o Hospital Sousa Martins] que são muito importantes na medicina de proximidade e no apoio direto aos utentes que necessitam dele. É uma machadada na coesão territorial aquilo que se está a fazer neste momento ao hospital da Guarda”, disse.
Segundo Carlos Cortes, “os profissionais de saúde estão altamente revoltados, desmotivados, com aquilo que está a ser feito”.
“Não haveria melhor maneira de prejudicar um hospital de fazer tudo para um hospital encerrar, do que estar a colocar esta carência em termos de profissionais de saúde e, neste caso, em termos de profissionais de saúde médicos. O Ministério da Saúde foi manifestamente irresponsável na atitude que teve perante este hospital”, afirmou.
A SRCOM vai escrever à ministra da Saúde “para reverter muito rapidamente” a situação e para colocar no hospital “os recursos humanos necessários para ele poder manter a sua atividade”.
“Sabendo nós que o Hospital de Sousa Martins é dos mais carenciados em médicos de toda a região Centro é incompreensível que o número de médicos que tenha sido alocado a este hospital representa somente 2.5% de todos os médicos especialistas que foram colocados na região Centro”, apontou.
Acrescentou que a situação é “particularmente grave e irresponsável da parte do Ministério da Saúde”, tendo em conta a dificuldade que muitos dos serviços do hospital têm em assegurar os cuidados de saúde, nomeadamente em anestesiologia e em “outras áreas sensíveis” como cardiologia e oftalmologia.
O médico da ULS da Guarda José Manuel, que acompanhava o presidente da SRCOM, disse aos jornalistas que a decisão do Ministério da Saúde “foi uma falta de responsabilidade” e “uma falta de respeito para com a população da Guarda” dada a carência de clínicos.
Esta tarde, pelas 14:30, Carlos Cortes vai reunir com o presidente da Câmara da Guarda, Carlos Chaves Monteiro, que anunciou que vai participar à Entidade Reguladora da Saúde e propor um pedido de audiência ao Presidente da República por o Governo só ter destinado sete médicos para o Hospital Sousa Martins.
O CA da ULS da Guarda emitiu um comunicado onde esclarece que ficou “surpreendido com o número de vagas que foi atribuído” à instituição.
Na nota adianta que “está a envidar todos os esforços junto das entidades competentes no sentido de mitigar os efeitos desta decisão pouco equitativa para a área de abrangência” da instituição.
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