“Estamos a prever uma eventual subida dos preços de ovos”, declarou a diretora provincial da Agricultura e Pescas, Mariamo Luísa Pedro José, em entrevista à Lusa em Maputo.

Em causa está a gripe das aves diagnosticada numa unidade de produção na província moçambicana de Inhambane, levando ao abate de 45 mil galinhas poedeiras que produziam diariamente cerca de 44 mil ovos para consumo, um caso ligado a dezenas de surtos de duas estirpes distintas que estão a alastrar na vizinha África do Sul.

A província de Maputo, que faz fronteira com a África do Sul, está entre as principais produtoras, com uma capacidade produtiva de 3,9 milhões de galinhas e 942 milhões de ovos semanalmente, segundo dados da direção provincial.

“Portanto, não estamos muito preocupados com a baixa [da] produção. O que tememos mesmo é a subida dos preços”, acrescentou a diretora provincial da Agricultura e Pescas.

Em todo país, a fiscalização foi reforçada, principalmente na fronteira com o território sul-africano e nas províncias próximas de Inhambane.

“Estamos a trabalhar, a colocar os nossos fiscais para que toda a segurança de sanidade animal seja observada (…) E fizemos todo o trabalho de segurança para incineração de todo o produto que vem dos locais de foco”, acrescentou.

A África do Sul abateu cerca de 2,5 milhões de galinhas num esforço para conter dezenas de surtos de duas estirpes distintas de gripe das aves, ameaçando uma indústria já em dificuldades, informou em 03 de outubro o Governo sul-africano.

Mais de 205.000 galinhas morreram de gripe das aves em pelo menos 60 surtos distintos em todo o país, mais de metade dos quais na província de Gauteng, que inclui a maior cidade do país, Joanesburgo, e a capital administrativa, Pretória.

Algumas lojas pequenas de Joanesburgo começaram a limitar aos clientes a quantidade de ovos disponíveis e o Governo reconheceu já que há “restrições de fornecimento”.

O Governo sul-africano está a acelerar a concessão de novas licenças de importação de ovos de outros países “para garantir aos consumidores um abastecimento suficiente”, anunciou o ministro da Agricultura, Thoko Didiza.

O Ministério está, também, a considerar o lançamento de um programa de vacinação para travar os surtos de gripe das aves e disse que o número de explorações com casos está a aumentar.

A Namíbia proibiu a importação de carne de frango e ovos da vizinha África do Sul.

Segundo a Associação Sul-Africana de Avicultura, esta crise de surtos de gripe das aves é a pior desde 2017.

Vários centros norte-americanos de Controlo e Prevenção de Doenças afirmaram no mês passado que os surtos de gripe das aves estão a aumentar a nível global, dando conta do registo de mais de 21.000 surtos em todo o mundo entre 2013 e 2022. A gripe das aves raramente infeta os seres humanos.

Os ovos são uma fonte de proteínas importante e acessível na África do Sul, mas os preços subiram constantemente este ano e a escassez causada pela gripe das aves deverá fazer subir novamente os preços e aumentar a inflação alimentar no país.

A indústria de carne de frango na África do Sul já foi duramente atingida este ano pela escassez de eletricidade, cujos apagões regulares para poupança de energia têm-se feito sentir na solvabilidade das empresas.

Os agricultores sul-africanos anunciaram em janeiro deste ano que tinham sido forçados a abater quase 10 milhões de pintos jovens, devido ao número recorde de apagões no início do ano registado pela economia mais avançada de África, provocando um abrandamento drástico da produção.