O que é a morte súbita?

A morte súbita é o aparecimento repentino e inesperado de uma paragem cardíaca, sem causa aparente e em indivíduos aparentemente saudáveis.

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Quais são os grupos de risco?

Ninguém está livre de padecer de um episódio de morte súbita. Contudo foram identificadas algumas doenças que estão diretamente relacionadas como a doença coronária, que é a doença que mais mortes súbitas provocam.

Outras situações como as alterações do ritmo cardíaco e as doenças do próprio músculo cardíaco, como por exemplo as inflamações do músculo cardíaco, denominadas miocardites ou as alterações malignas do ritmo cardíaco como a fibrilhação ventricular, podem despoletar um episódio de morte súbita. Outras doenças como a síndrome de Brugada e a síndrome do QT também.

Quinze anos depois da morte do atleta continua a existir em Portugal uma deficiência muito grave no que se refere a presença de desfibrilhadores automáticos em lugares públicos e igualmente um grande desconhecimento geral sobre como atuar e o que fazer num caso de morte súbita

Mas existem grupos específicos de risco na população?

Atendendo à idade, temos a morte súbita do lactante, cujo motivo é ainda desconhecido. Por isso, também se considera um grupo de risco a fase da vida até ao primeiro ano de vida. Até aos 35 anos de idade, considera-se que a morte súbita é causada por doenças do ritmo cardíaco e/ou do músculo cardíaco e a partir dos 35 anos a doença coronária seria a maior responsável do evento.

Não devem ser esquecidos como grupo de risco os doentes com obesidade e indivíduos com hábitos alcoólicos e de drogas.

Miklós Fehér morreu há 15 anos. Teria sido possível evitar a tragédia?
Luís Baquero, médico cirurgião créditos: CVP

É possível prevenir a morte súbita?

A prevenção da morte súbita passa pela realização de um rastreio cardiovascular adequado e personalizado para cada indivíduo. Deve ser confirmada a presença ou não da doença coronária e o grau da mesma, deve ser analisado o ritmo cardíaco em repouso e em atividade normal diária e o comportamento do coração em repouso e em atividade. 

Deve ser ainda avaliada a presença de fatores de risco para a doença cardiovascular como o colesterol, tabagismo, diabetes, hipertensão arterial, vida sedentária e obesidade. Tudo isto são fatores de risco para a morte súbita.

Por que é que acontecem mortes como a do ​Miklós Fehér? O que poderia ter sido feito para a evitar?

Os desportistas de alta competição têm maior incidência de morte súbita comparados com a população normal. São submetidos a provas de rastreio adequadas, contudo não se consegue identificar a 100% aqueles que poderão vir a ter um evento de morte súbita durante a sua vida profissional.

No caso do atleta Miklós Fehér, que padecia de uma doença do miocárdio chamada miocardiopatia hipertrófica, não era aconselhável a prática desportiva de alta competição. Contudo a evolução da mesma pode acontecer num curto período de tempo, ou seja, passar de uma forma leve a uma forma grave rapidamente.

Numa situação destas, a morte acaba por ser inevitável?

A assistência e reanimação foi feita pelas equipas médicas de ambos os clubes e desconheço se foi usado um desfibrilhador automático na altura, mas é importante saber que uma percentagem entre os 50-60% dos doentes que sofrem morte súbita não recuperam a atividade e falecem mesmo que atendidos atempada e adequadamente.

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Em Portugal morrem 10.000 pessoas todos os anos de morte súbita em só em 25% são iniciadas manobras de reanimação. Destas, 3% sobrevive. Quinze anos depois da morte do atleta continua a existir em Portugal uma deficiência muito grave no que se refere a presença de desfibrilhadores automáticos em lugares públicos e igualmente um grande desconhecimento geral sobre como atuar e o que fazer num caso de morte súbita.

Como reagir perante um episódio de morte súbita?

Reagir de forma adequada perante um episódio de morte súbita consiste em três passos simples mas cruciais:

  • Identificar se o doente está consciente, se respira e se tem pulso;
  • Ligar imediatamente ao 112 a reportar o acontecido, solicitando ajuda urgente
  • Iniciar durante os primeiros 4-5 min manobras de reanimação cardíaca básica até a chegada de reforço

Quais são os sinais de alarme?

A maioria dos doentes não apresentam sinais nem sintomas. Alguma percentagem de doentes pode apresentar dor no peito ou tonturas ou eventualmente uma dor de cabeça muito intensa.