É mais uma reviravolta no caso de Vincent Lambert. "Foi retomada a alimentação e a hidratação de Vincent Lambert a sedação foi interrompida", afirmou Jean Paillot, advogado dos pais do paciente tetraplégico, que compareceu ao hospital de Reims para verificar se os médicos obedeceram à decisão do tribunal de recurso de Paris.
O tribunal surpreendeu na segunda-feira à noite ao determinar o reinício dos tratamentos para manter Lambert, de 43 anos, com vida, poucas horas depois da sua interrupção.
A mãe de Vincent Lambert, contrária à interrupção do atendimento que o filho recebe há mais de uma década, quer agora a transferência do mesmo para outro hospital.
Também o Vaticano já se pronunciou sobre o caso, pedindo uma solução a favor da vida.
O Comité sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) da ONU solicitou a 3 de maio que França não suspendesse o atendimento até que o organismo examinasse o tema, mas Paris considerou que a decisão não era vinculante.
"Independente do caráter obrigatório ou vinculante da medida de suspensão solicitada pelo Comité, o Estado francês comprometeu-se a respeitar o pacto internacional", afirmou o tribunal parisiense.
O caso de Vincent Lambert, que sofreu um acidente de trânsito em 2008 que o deixou com danos cerebrais irreversíveis, dividiu a própria família e gerou um grande debate em França sobre a eutanásia e a morte digna.
França dividida e em protesto
Os pais de Lambert, católicos fervorosos, são contrários a término deliberado da vida do filho e recorreram sistematicamente contra todas as decisões para interromper o atendimento médico.
A esposa de Lambert, Rachel, cinco dos seus irmãos e um sobrinho, François, lutam há vários anos para desligar os aparelhos e denunciam uma "crueldade terapêutica". Eles afirmam que Vincent Lambert não gostaria de ser mantido vivo com máquinas, embora não tenha deixado nenhuma decisão por escrito.
"É realmente abjeto", reagiu François Lambert, sobrinho do paciente, numa entrevista à rádio Europe 1. "Eu não acredito na dor dos pais de Vincent. Acredito que o ativismo assumiu o comando há vários anos", criticou.
Na véspera, os advogados Jean Paillot e Jérôme Triomphe, que representam os pais de Lambert, apresentaram um último recurso perante o Conselho de Estado e outro no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Mas o tribunal europeu rejeitou o recurso, considerando que não havia nenhum "elemento novo" que o fizesse "adotar uma posição diferente" da de 2015, quando concluiu que parar de alimentar e hidratar este homem não consistia uma violação do direito à vida.
Os advogados encaminharam a questão para um órgão da ONU, o Comité dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), que solicitou à França que não suspendesse os cuidados até que o mérito da questão fosse examinado.
França não era obrigada a respeitar este pedido, afirmou a ministra da Saúde Agnès Buzyn. No entanto, um tribunal de Paris deu ordens para prosseguir com o funcionamento dos aparelhos que mantêm Vincent Lambert vivo.
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