O presidente do colégio de ginecologia e obstetrícia da Ordem dos Médicos, João Bernardes, disse à agência Lusa que são quase 200 os médicos do SNS que têm aptidão específica para realizar as ecografias dos dois primeiros trimestres da gravidez, incluindo a ecografia morfológica.
“Este número conseguiria assegurar perto de 100% das ecografias [de acompanhamento específico da gravidez segundo as normas] feitas no SNS. É um número que compara muitíssimo bem e que está até acima da maioria dos países europeus”, afirmou João Bernardes.
No total há mais de 1.500 obstetras inscritos na Ordem dos Médicos em Portugal, o que inclui por exemplo clínicos aposentados, mas no SNS há entre 800 a 850 obstetras.
Segundo o presidente do colégio de obstetrícia, todos os obstetras formados em Portugal têm treino e formação em ecografia básica, com pelo menos três meses de formação obrigatória e mais de 100 exames que têm de realizar como executantes.
Quanto à formação específica, que habilita a ecografias de acompanhamento da gravidez segundo normas da Ordem e da Direção-geral da Saúde, serão perto de 200 os clínicos que a têm.
Se cada obstetra do SNS com formação específica fizesse por ano mil ecografias das contempladas no protocolo de acompanhamento da gravidez, ficariam mais que cobertos os cerca de 75 mil partos que se realizam no SNS.
“É uma das áreas com gente especialmente qualificada. Tomara termos a mesma quantidade relativa de pessoas para assegurar as urgências de ginecologia e obstetrícia”, indicou João Bernardes.
Para o responsável, um dos fatores que faz com que o Estado tenha de recorrer a convenções com privados na área das ecografias é precisamente a forma como os serviços se organizam. Isto porque a falta de médicos para as urgências de obstetrícia obriga a ir buscar aos serviços obstetras que têm as qualificações específicas para realizar as ecografias de acompanhamento da gravidez.
A questão das ecografias realizadas na gravidez chegou ao debate público com o caso do bebé Rodrigo, que nasceu este mês em Setúbal com malformações graves que não foram detetadas ou não foram comunicadas aos pais pelo médico que realizou as ecografias.
O médico, Artur Carvalho, que foi entretanto suspenso preventivamente pela Ordem dos Médicos, realizava as ecografias numa clínica privada com convenção com o Estado.
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