O Sindicato Independente dos Médicos (SIM), em comunicado, revelou que, no ano passado, o Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) “gastou 1.701.241,14 euros em contratação externa de serviços médicos”.

“Um dos contratos, celebrado com uma empresa de prestação de serviços, apresenta um valor superior a meio milhão de euros”, pode ler-se no comunicado do mesmo sindicato, divulgado na quarta-feira.

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Contactado pela Lusa, o HESE, em esclarecimento feito ao final da tarde de ontem, disse que, à semelhança de outros hospitais do interior do país, também esta unidade se confronta com “a difícil captação de recursos humanos na área clínica”, o que “constitui um forte constrangimento”.

Para o SIM, “o valor gasto” pelo HESE “permitiria contratar 35 médicos especialistas das várias especialidades, integrados na carreira médica”.

“O Governo, os conselhos de administração e os responsáveis da ARS [Administração Regional de Saúde] continuam a gastar quantias exorbitantes para a contratação de empresas de prestadores de serviços na tentativa de colmatarem as falhas por eles criadas e de enganarem a população”, criticou o sindicato.

Lamentando “a desorganização e o desmantelamento progressivo” do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o SIM exigiu “a melhoria das condições de trabalho, incluindo remuneratórias, dos médicos do quadro do SNS para que a população do Alentejo possa ter cuidados de saúde de qualidade”.

No esclarecimento enviado à Lusa, o Hospital do Espírito Santo realçou que, “apesar dos esforços realizados, quer pelo conselho de administração no sentido de contratar médicos, quer pela tutela com a criação de incentivos para a captação e fixação de médicos, as vagas preenchidas nos recentes concursos foram manifestamente insuficientes”.

Além disso, segundo o hospital, não foi “possível” contratar, nem fixar “os médicos especialistas para preenchimento do quadro clínico do HESE”.

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Com o preenchimento de vagas a concurso em 2018 a ficar “muito aquém do expectável e do necessário”, o HESE justificou não ter “outro recurso senão recorrer à prestação de serviços médicos” nas “especialidade com maior carência, em particular o primeiro atendimento de Urgências, Medicina Interna, Anestesiologia, Oncologia, Obstetrícia e Ortopedia, competindo com outros hospitais, sendo que as preferências dos clínicos recaem sobre os hospitais do litoral”.

O hospital referiu ainda que se mantém “fortemente empenhado em resolver” a “situação de enorme carência de recursos humanos, em geral, e de médicos, em particular”, manifestando a sua “total disponibilidade para contratar todos os médicos interessados em integrar” a equipa de Évora.

“Contamos com os contributos de todos para resolver esta questão, nomeadamente do Sindicato Independente dos Médicos”, acrescentou.