O diretor do serviço de ginecologia e obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que coordenou a comissão criada pela ex-ministra Marta Temido, foi hoje ouvido na Comissão de Saúde a pedido do PSD sobre o eventual fecho de serviços de obstetrícia no país.
Questionado sobre as notícias do fecho de maternidades, o médico negou que essas informações tenham sido dadas pela Comissão de Acompanhamento de Resposta em Urgência de Ginecologia, Obstetrícia e Bloco de Partos.
“Lamento de facto que tenham saído essas notícias para a comunicação social e lamento o mal-estar que isso causou nas populações, mas posso-vos dizer que da comissão, pelo menos que eu saiba, não vieram essas informações de certeza”, declarou.
À questão levantada pelos deputados sobre as razões pelas quais o relatório da comissão não foi entregue na Comissão da Saúde, como foi solicitado, o médico respondeu: “Não me perguntem a mim, por favor”.
Diogo Ayres de Campos esclareceu que fez algumas declarações públicas sobre o relatório porque as primeiras notícias que apareceram “estavam profundamente erradas”.
“Falavam, penso, que eram oito hospitais [passíveis de ser encerrados] e listavam uma série de hospitais, até se falava na Maternidade Alfredo da Costa [em Lisboa] e outras coisas que não fazem sentido nenhum e eu senti-me na obrigação, para não criar mais confusão do que já estava”, de prestar declarações, justificou.
Clarificou ainda que o relatório é “um documento técnico” para a criação da rede de referenciação hospitalar nesta área que se rege de acordo com um regulamento, que necessita ser entregue ao ministro da Saúde - o que aconteceu em setembro - e seguir para discussão pública.
Segundo o especialista, “99% do documento” são aspetos técnicos de organização e no final há uma lista de seis hospitais com cuidados de ginecologia e obstetrícia (Castelo Branco, Guarda, Famalicão, Póvoa de Varzim, Barreiro e Vila Franca de Xira) que, por apresentarem dificuldades nas equipas, nomeadamente falta de profissionais, se admite que possam encerrar “temporariamente ou definitivamente” se isso não implicar riscos adicionais do ponto de vista técnico.
Uma medida teoricamente baseada nas distâncias e na resposta neonatal e que exigiria sempre uma visita ao hospital, como “está claramente escrito no documento”.
Para a comissão, o principal problema nas seis maternidades em causa tem a ver com a falta de equipas médicas e de enfermeiros de saúde materna e obstétrica, disse, salientando que há situações que “são confrangedoras em termos da resposta”.
Questionado sobre a notícia de que as grávidas poderiam ter de pagar taxa moderadora no caso de recorrerem à urgência indevidamente, o médico disse que a informação foi transmitida de uma forma “menos correta” e que “não fazia sentido nenhum” cobrar essa taxa às grávidas.
Diogo Ayres de Campos explicou essa possibilidade só existiria no caso de a grávida insistir em ser assistida nas urgências, apesar de lhe ter sido marcada consulta para o dia útil seguinte no centro de saúde ou para a consulta aberta dos hospitais.
Comentários