O aumento na incidência e na prevalência das doenças oncológicas (fenómeno de alcance global e de dimensão cada vez mais preocupante) fez-se acompanhar de uma evolução científica e tecnológica, contínua e constante, permitindo diversificar e melhorar a eficácia dos métodos de diagnóstico e de tratamento disponíveis. Deste modo, a Oncologia Médica, área da Medicina dedicada ao doente oncológico, assume, cada vez mais, um papel preponderante na área da Medicina em particular, e da Saúde em geral.
Em virtude da referida evolução técnico-científica, o número de sobreviventes de cancro é cada vez maior. E, aliado a viver mais, viver com a melhor qualidade de vida possível tornou-se imperativo para todos os doentes oncológicos.
Nesta linha de pensamento, mudaram-se vontades e prioridades dos doentes, pelo que é crucial os médicos estarem atentos a estas mudanças, bem como capacitados para lhes dar resposta.
A preocupação com a imagem, as repercussões desta na autoestima e no papel social de cada doente, tornaram-se pilares inegáveis. Características como simetria, harmonia, luminosidade, homogeneidade e jovialidade contribuem, não só para uma aparência mais atraente e esteticamente aceite, como também para uma autoestima mais positiva, com consequente menor probabilidade de doença mental.
Surge assim a Medicina Oncoestética, uma área inovadora da Medicina, que une a Oncologia Médica à Medicina Estética. Trata-se de uma abordagem ainda pouco divulgada, mas cuja prática tem um impacto muito relevante na vida destes doentes.
A Medicina Estética é uma nova tendência na Medicina moderna que, recorrendo a procedimentos médicos que visam melhorar a aparência física e a satisfação pessoal, potenciando a correção de defeitos inestéticos, patológicos ou não, através de procedimentos não invasivos ou minimamente invasivos, estabelece uma ponte entre a beleza e a saúde.
Porque esta “arma” pode ser utilizada no combate a uma das patologias mais frequentes e com maior implicação na saúde individual e na sociedade atual, é importante quebrar a falsa ideia de que os procedimentos médico-estéticos estão contraindicados no doente oncológico. Neste sentido, e em parceria com a FILLMED, no passado dia 24 de setembro, realizamos um workshop dirigido a doentes oncológicos, onde foi possível desmistificar a prática de procedimentos médico-estéticos no doente oncológico.
Excetuando-se o receio de recidiva de doença, estudos realizados em sobreviventes de cancro apontam os problemas económicos e a aparência física como as suas principais preocupações. Nestes doentes, os procedimentos de rejuvenescimento facial com toxina botulínica e ácido hialurónico têm sido cada vez mais utilizados, tendo-se revelado seguros e eficazes.
No entanto, e antes da realização do procedimento médico-estético, deve ser sempre realizada uma consulta médica de avaliação (tal como deve existir para qualquer outra pessoa), com uma história clínica detalhada, onde são discutidos os procedimentos médico-estéticos possíveis e exequíveis, com vista a dar resposta às necessidades e preocupações individuais de cada doente.
Um artigo de opinião da médica Áurea Lima, interna de Formação Especializada em Oncologia Médica e Pós-Graduada em Medicina Estética. Trabalha na Clínica FMR (Lisboa e Porto) e na Mutual Clinic (Braga e Arcozelo).
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