
É especializada em medicina estética desde 2017. Nestes últimos anos, como avalia a evolução na procura de tratamentos de medicina estética? Quais as principais transformações que observou no comportamento dos pacientes e na valorização da estética?
Quando iniciei a minha atividade clínica em medicina estética, recordo-me que muitas pessoas que conhecia, e mesmo os meus pares, consideravam que exercia numa área extremamente “fora da caixa para o nosso país”, mas sabia perfeitamente que a medicina estética seria uma área do futuro. O que tenho verificado nos últimos anos é que a procura por tratamentos médico-estéticos de qualidade tem vindo a aumentar.
A principal transformação a que tenho assistido desde quem me iniciei nesta área é a diferença de expectativas relativamente ao resultado dos procedimentos estéticos. Ou seja, há alguns anos, se as pessoas procuravam uma transformação evidente e tratamentos que se notassem, hoje procuram naturalidade e excelência, e procedimentos que reflitam sobretudo saúde e bem-estar, e que não remetam para transformação e artificialidade.
Nos últimos anos, a procura por tratamentos de medicina estética tem vindo a crescer. Quais os fatores que, na sua perspetiva, impulsionam esta tendência, e como se relaciona com a ideia de "não saber envelhecer"?
Penso que as pessoas, principalmente durante e após a pandemia, passaram a dar mais valor à sua autoestima, bem-estar e saúde, e considero que este poderá ter sido um dos fatores que mais contribuiu para um crescimento na procura de tratamentos médicos estéticos. Por exemplo, durante os anos da pandemia, muitas pessoas se depararam, diariamente, com a sua própria imagem em reuniões online.
Da mesma forma, o facto de os médicos nesta área perceberem o seu papel na criação de informação científica e de rigor, aliada a uma maior presença nas redes sociais digitais, contribuiu para haver uma maior confiança dos pacientes em procurar profissionais médicos devidamente creditados nesta área.
Mais do que a ideia de “não saber envelhecer”, considero que algumas pessoas se aperceberam de que existem opções médicas seguras que promovem um melhor envelhecimento.
Penso que as pessoas, principalmente durante e após a pandemia, passaram a dar mais valor à sua autoestima, bem-estar e saúde.
Poderia descrever-nos qual é o perfil dos pacientes que procuram os seus tratamentos estéticos? Que motivações principais observa – seja no âmbito da autoestima, qualidade de vida ou outros aspetos?
O meu paciente é normalmente uma pessoa muito ativa, que valoriza a qualidade, tanto na vida pessoal como profissional. São pessoas que viajam frequentemente, seja por lazer ou trabalho, e por isso procuram tratamentos rápidos e eficazes sem grande downtime, porque o seu tempo é precioso. Ao mesmo tempo, valorizam a naturalidade e a elegância dos resultados, evitando qualquer aparência artificial. Para estes pacientes, é fundamental sentir segurança no profissional de saúde, aliada à excelência e ao rigor.
A tecnologia e a inteligência artificial têm vindo a revolucionar diversas áreas da medicina. De que forma têm contribuído para o desenvolvimento de inovações nos tratamentos estéticos? Quais as vantagens e desvantagens que observa na aplicação destas tecnologias?
A tecnologia e a inteligência artificial (IA) têm desempenhado um papel fundamental na evolução dos tratamentos médicos estéticos. Estas inovações permitem-nos hoje oferecer tratamentos mais personalizados, seguros e eficazes.
Podemos, por exemplo, utilizar a IA para analisar grandes quantidades de dados para identificar padrões e prever que tratamentos terão melhores resultados em determinado paciente. Além disso, a tecnologia avançada em equipamentos permite tratamentos menos invasivos, com recuperação mais rápida e menos desconforto para o paciente. Tudo isto contribui para uma experiência mais satisfatória e resultados que realçam a beleza natural dos pacientes.
Considero como possíveis vantagens a personalização, ou seja, o facto de permitir tratamentos adaptados às necessidades específicas de cada paciente; a segurança, no sentido de poder reduzir o erro humano; a rapidez, permitindo tratamentos mais rápidos com menor tempo de recuperação e otimizando o tempo dos pacientes. Como desvantagens, podemos pensar desde logo no custo, já que a implementação de tecnologias avançadas requer um grande investimento; e a dependência tecnológica, que no futuro se poderá traduzir numa maior dificuldade em personalizar os tratamentos e numa menor interação humana entre o médico e o paciente.
Existem ainda muitos mitos e mal-entendidos em torno da medicina estética. Quais são os mitos mais comuns que encontra na sua prática e como os esclarece junto dos seus pacientes?
Embora acredite que estamos a melhorar, na minha opinião ainda existe muita desinformação nesta área. O facto de sermos bombardeados com imagens e informações sem qualquer rigor científico, acaba por gerar por vezes alguma confusão.
Um dos mitos mais comuns é o medo de que os resultados dos tratamentos estéticos sejam artificiais e exagerados. Claro que cada médico tem a sua visão estética e conceito de beleza, mas o mais comum na prática clínica, e um exemplo do que fazemos na Primum Medicina Estética, é prezar sempre os resultados naturais e preventivos. Um outro mito muito comum é acreditar que quem recorre a este tipo de tratamento o faz por ser vaidoso ou supérfluo. Muito pelo contrário, os nossos pacientes são pessoas extremamente cuidadosas com a sua saúde e querem envelhecer bem, o que poderá passar, além de outros fatores, por promover a sua autoestima e uma aparência saudável.
Por outro lado, temos também as situações em que os pacientes apresentam algumas assimetrias devido a acidentes - por exemplo no caso de sequelas que ficam após tratamentos oncológicos -, e que podem beneficiar de tratamentos médico-estéticos, não por vaidade, mas para elevação da sua autoestima.
Um dos mitos mais comuns é o medo de que os resultados dos tratamentos estéticos sejam artificiais e exagerados.
A medicina estética, por natureza, está intrinsecamente ligada à dermatologia e à cirurgia. Como integra os métodos e inovações destas especialidades para potenciar os resultados dos procedimentos estéticos?
A colaboração entre especialistas destas áreas com a medicina estética permite uma abordagem mais holística e individualizada para o paciente. Desta forma, quando é necessário o apoio da dermatologia ou da cirurgia plástica em determinados diagnósticos, a intervenção combinada permitirá um resultado mais eficaz.
No caso, por exemplo, de patologias cutâneas, a especialidade de dermatologia tem um papel essencial no acompanhamento paralelo da medicina estética. O mesmo acontece com a especialidade cirúrgica, nomeadamente a cirurgia plástica, à qual precisamos muitas vezes de fazer referenciação, de forma a ir ao encontro das necessidades e expectativas dos pacientes.
A Primum Medicina Estética, inaugurada recentemente em Cascais, aposta em tecnologia de ponta aplicada aos tratamentos dermatológicos e estéticos. Poderia explicar-nos quais as inovações tecnológicas que se destacam neste centro e os benefícios que proporcionam aos pacientes?
A Primum Medicina Estética utiliza tecnologias avançadas nos seus tratamentos, como o laser Fotona, que combina o laser Er:YAG e o laser Nd:YAG, indicado para procedimentos de rejuvenescimento facial e melhoria da qualidade de pele.
Destacam-se ainda a tecnologia de ultrassom microfocado Liftera, que estimula a produção de colagénio e elastina, atuando quer na gordura, quer na flacidez da pele; o laser Tulio, uma tecnologia avançada que atua não só no rejuvenescimento da pele, como no tratamento de manchas e cicatrizes; e o laser Ultra Light, que combina duas fontes de emissão poderosas (modo Q-switched e Long Pulse) com dois comprimentos de onda que o tornam eficaz em diversas aplicações como o tratamento de lesões pigmentares, vasculares e até na remoção de tatuagens.
Além destas tecnologias avançadas ao nível de tratamentos para o rosto, na Primum Medicina Estética recorremos a tecnologias de ponta para outros tratamentos de corpo, cuidadosamente escolhidas para proporcionar uma experiência única a quem nos procura.
Falemos da Sociedade Portuguesa de Medicina Estética (SPME). De que forma a instituição tem vindo a agir para combater o intrusismo, garantindo que os procedimentos estéticos sejam realizados exclusivamente por profissionais devidamente qualificados?
A Sociedade Portuguesa de Medicina Estética (SPME) tem desempenhado um papel crucial na regulamentação e desenvolvimento da medicina estética em Portugal, trabalhando ativamente para garantir que os procedimentos médicos estéticos são realizados de forma segura, ética e eficaz, assegurando que apenas profissionais qualificados e devidamente licenciados possam realizar esses tratamentos.
A SPME tem implementado várias iniciativas para combater o intrusismo profissional, que é uma preocupação crescente na área, entre elas a promoção da formação contínua; a certificação profissional; a colaboração com as autoridades reguladoras; campanhas de consciencialização e sensibilização, tanto dos pacientes como dos próprios profissionais da saúde; e a definição de padrões éticos e técnicos. Também a pensar nisto, a SPME conta com um departamento dedicado ao intrusismo, criado para responder às queixas recebidas, e que podem ser enviadas por qualquer pessoa, denunciando situações em que estes procedimentos estejam a ser realizados por pessoas que não são médicos e em locais não clínicos.
Todas estas iniciativas têm sido fundamentais para garantir que a medicina estética em Portugal continua a crescer de forma regulamentada e segura, protegendo os pacientes e promovendo a confiança no setor.
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