Em comunicado hoje divulgado para antecipar o Dia Mundial de Luta contra a Malária, que se comemora na segunda-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lembra que a vacina RTS,S, que começou a ser administrada num projeto piloto no Maláui em 2019, “é segura, viável de administrar e reduz substancialmente a mortífera malária grave”.
Na sequência desta conclusão, a OMS recomendou, em outubro do ano passado, a extensão da sua utilização em crianças que vivam em regiões com transmissão da malária moderada a elevada.
A RTS,S, que levou a uma redução de 30% nas hospitalizações por malária grave, foi a primeira vacina que demonstrou ser capaz de reduzir a malária em crianças.
Se for amplamente administrada, a vacina poderá salvar as vidas de mais 40 a 80 mil crianças africanas por ano, estima a organização.
A malária é uma doença provocada por um parasita transmitido pela picada de um mosquito e mata centenas de milhares de pessoas no mundo, sobretudo em África e maioritariamente crianças com menos de 5 anos.
A agência das Nações Unidas para a Saúde sublinha hoje que a Aliança Global para as Vacinas (Gavi) já garantiu mais de 155 milhões de dólares (142 milhões de euros) para apoiar a introdução, aquisição e entrega da vacina em países elegíveis na África subsaariana.
“Como investigador da malária no início da minha carreira, sonhava com o dia em que poderíamos ter uma vacina eficaz contra esta doença devastadora”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado no comunicado.
“Esta vacina não é apenas um avanço científico, tem capacidade para mudar as vidas das famílias em toda a África. Demonstra o poder da ciência e da inovação na saúde. Ainda assim, há uma necessidade urgente de desenvolver mais e melhores ferramentas para salvar vidas e impulsionar o progresso em direção a um mundo livre de malária”, acrescentou.
Segundo a OMS, a vacina tem sido bem aceite pelas comunidades africanas e estima-se que a procura ultrapasse a oferta no curto a médio prazo, já que a atual capacidade de produção é de apenas 15 milhões de doses por ano, estimando-se que a procura ultrapasse anualmente as 80 milhões de doses.
A OMS diz estar a trabalhar com os parceiros para aumentar a oferta através de um incremento no fabrico da RTS,S e de uma aposta no desenvolvimento de outras vacinas de primeira e segunda geração.
No comunicado, a OMS congratula-se com o progresso no desenvolvimento de uma outra vacina, a R21/Matrix-M, desenvolvida pela Universidade de Oxford e que num primeiro ensaio clínico mostrou uma eficácia superior a 70%.
Congratula-se ainda com a notícia de que a farmacêutica BioNTech, produtora da vacina para a covid-19 da Pfizer-BioNTech, pretende desenvolver uma vacina da malária com tecnologia mRNA.
A organização diz estar a avaliar a eficácia de várias novas tecnologias para o controlo do inseto que transmite a malária, incluindo novos tipos de redes mosquiteiras impregnadas com inseticida, abordagens genéticas ou iscos de açúcar para atrair e matar mosquitos Anopheles.
A OMS recorda que também estão em andamento novos medicamentos, mas lembra que há novas ameaças, como a resistência aos medicamentos, a resistência dos mosquitos aos inseticidas, um vetor invasivo que se tem multiplicado em áreas rurais e urbanas e a emergência e alastramento de parasitas do P.falciparum com mutações, que minam a eficácia dos testes rápidos de diagnóstico.
O comunicado recorda que o relatório anual da malária de 2021 alertava para um abrandamento do progresso na redução das mortes, particularmente nos países mais afetados e sublinha que o financiamento da investigação em malária atingiu 619 milhões de dólares (570 milhões de euros) em 2020, estimando-se que seja preciso aumentá-lo para 851 milhões de dólares (783 milhões de euros) anuais entre 2021–2030.
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