As baixas taxas de sucesso da unidade de reprodução da Maternidade Alfredo da Costa levaram a instituição a suspender a atividade e a adiar tratamentos, entretanto retomados. As queixas de casais insatisfeitos são “às dezenas”, segundo a associação de fertilidade.
Depois da situação noticiada pela Agência Lusa, em abril, sobre uma baixa taxa de sucesso nos tratamentos com técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA), este serviço da Maternidade Alfredo da Costa (MAC) decidiu suspender a atividade.
A suspensão aconteceu durante várias semanas de junho e obrigou a que alguns casais que estavam a ser seguidos e com tratamentos marcados fossem encaminhados para outro hospital público e ainda para uma clínica privada, segundo disse à Lusa a coordenadora da unidade, Graça Pinto.
Outros casais foram simplesmente informados de que o tratamento ia ser adiado, encontrando-se ainda a aguardar um contacto para retomar a terapia, o que lamentam.
Graça Pinto explicou que durante este período foram revistos procedimentos, não tendo sido identificada nenhuma causa que comprometesse as taxas de fertilização e de desenvolvimento embrionário.
Mas segundo o presidente do conselho de administração da MAC, Jorge Branco, o problema teve origem nos aparelhos de fluxo laminar e a suspensão deveu-se ao tempo que estes demoraram a ser arranjados pelos respetivos técnicos.
“Adiámos alguns tratamentos e tentámos minimizar o mais possível o impacto da suspensão da atividade” na unidade, disse.
O Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), numa reunião que decorreu no mês de junho com a situação deste serviço da MAC como um dos pontos da agenda, classificou esta suspensão de “adequada” e determinou que, “com uma periodicidade trimestral”, a instituição “informe oficialmente” este organismo “acerca dos resultados das ações desenvolvidas para a completa regularização da situação”.
O serviço reabriu e, segundo Graça Pinto, a situação tende a normalizar, não existindo ainda dados sobre as taxas de sucesso dos tratamentos.
Contactado pela Lusa, o presidente do CNPMA, Eurico Reis, garantiu que este organismo está a seguir “atentamente” a situação da UMR da MAC e que, para já, não existe motivo para a mesma não estar em funcionamento.
Opinião contrária tem a Associação Portuguesa de Fertilidade (APF), para quem “é um insulto para a comunidade infértil o que está a acontecer, comprometendo as escassas oportunidades destes casais de terem um tratamento com resultado positivo”.
“Se esta unidade não tem capacidade para responder de forma fidedigna a estes casais, o melhor é encaminhar os doentes para outras instituições que o façam”, afirmou à Lusa Filomena Gonçalves, dirigente da APF.
Esta associação garante que recebeu “várias dezenas de testemunhos de casais insatisfeitos, cujos tratamentos foram abruptamente interrompidos, adiados ou mesmo recusados, sob argumentos não válidos, tais como a idade, constrangimentos orçamentais ou falta de meios”.
A APF está, por isso, “extremamente preocupada com as baixas taxas de sucesso, com os sucessivos atrasos e problemas nesta instituição que deveria ser de referência para a PMA” e onde “foram recentemente investidos cerca de meio milhão de euros”.
Em 2009, e com equipamentos novos e tecnologia avançada que custaram mais de meio milhão de euros, o serviço reabriu, mas desde então tem-se deparado com grandes dificuldades em contratar especialistas, em parte devido à “fuga” de profissionais para o setor privado.
Apesar do anúncio da intenção desta unidade realizar técnicas como o recurso a gâmetas (espermatozoides e óvulos) de dador ou a lavagem de esperma para seropositivos, estas ainda não se realizam, por alegados constrangimentos financeiros.
01 de agosto de 2011
Fonte: Lusa
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