"É uma ajuda muito importante para mim, porque o dinheiro faz muita falta, pois há muitos medicamentos à volta disto. Mas não são só os medicamentos, são muitas coisas", salientou o jogador, um avançado de 19 anos.

Nessa cerimónia, efetuada na Maia, o atleta teve a seu lado o presidente, o vice-presidente e o delegado nortenho do Sindicato, Joaquim Evangelista, José Carlos e João Paulo, respetivamente, e o seu empresário, Vítor Almeida.

Edu Ferreira disse que a sua situação "está correr muito bem" e registou "melhorias". O futebolista 'axadrezado' afirmou que tem "lidado muito bem" com a situação e que procura não lhe dar muita atenção.

"Só no princípio é que foi muito complicado. Foi um choque muito grande deixar o futebol desta maneira. Mas foi só nos primeiros tempos, agora está tudo normal, tento viver o dia-a-dia tranquilo e vou fazendo a minha vida normalmente", explicou. Acrescentou que "é muito bom" saber que tem "muita gente" a apoiá-lo.

"Nem sabia que tinha tanta gente a apoiar-me, principalmente os adeptos do Boavista, que me têm ajudado muito, o próprio Boavista, agora o sindicato, a minha família, a minha namorada e esse apoio é muito importante para mim", referiu.

Sintomas iniciais

Edu lembra-se bem de como tudo começou, "num jogo com os Dragões Sandinenses". "Comecei o jogo muito cansado. Não era normal. Já tinha feito o aquecimento e parecia que tinha feito os 90 minutos. Senti uma cãibra na perna e saí do jogo, porque não conseguia jogar. A partir daí, foi um mês de exames, muitos exames. Cheguei a fazer exames à coluna, muitas coisas", contou.

Depois teve febre e perdeu muito peso e isso conduziu-o então a "uma ressonância magnética à perna" que revelou o seu problema.

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Os médicos disseram-lhe que "não há muitas possibilidades" de poder voltar a jogar futebol, mas Edu disse que a esperança é a última a morrer e que ainda acredita que tal é possível.

"Pode ser que consiga voltar, mas, se não voltar, a vida continua, é mesmo assim", salientou.

Edu Ferreira aconselha os jovens como ele que enfrentem problemas similares ao seu a tentar "encarar isto só como um acidente de percurso, viver o dia-a-dia e não pensar" muito nisso.

"Eu, por exemplo, não posso sair de casa durante duas semanas, porque os meus ciclos de quimioterapia são de três em três semanas. Só posso sair na terceira semana e então tento divertir-me e aproveitar ao máximo, tendo, claro, os cuidados necessários", explicou Edu Ferreira, que anda a ser seguido no Hospital de Santo António, no Porto.

Joaquim Evangelista assinalou que o Sindicato acompanhou e apoio Edu desde a primeira hora, mas que só hoje foi possível estar com ele.

"O Edu sabe que pode contar connosco e em tudo o que necessitar terá o nosso apoio, mas queríamos fazer-lhe esta entrega simbólica", disse Joaquim Evangelista, sublinhando que o SJPF pretende "estar ao lado daqueles que mais precisam, sobretudo nos momentos de dificuldade".

Joaquim Evangelista, que foi presenteado com uma camisola de Edu Ferreira, referiu-se ao jogador como "uma pessoa de carácter e com uma força de vontade enorme".

"Se ele fica ligado ao futebol de direta ou indiretamente é irrelevante. Hoje, oferecemos-lhe um curso para diretor desportivo, que começa segunda-feira e ele vai fazê-lo, o que é também um forma de se sentir ocupado e ganhar competências para o futuro, caso não continue a jogar futebol", destacou.

O presidente do SJPF informou que aqueles que quiserem ajudar Edu Ferreira poderão fazê-lo através da conta pessoal do atleta, que o SJPF dará a conhecer, e adiantou que é possível fazer seguros para casos como o deste jovem futebolista.