Apesar de se tratar de “uma população com maior risco de persistência no crime”, não tinha sido, até agora, desenvolvido nenhum tipo de intervenção que se ajustasse às especificidades deste grupo, sublinha a UC, numa nota hoje enviada à agência Lusa.
No projeto, designado “Psychopathy.comp – Modificabilidade dos traços psicopáticos em menores agressores”, foi desenvolvida uma intervenção específica baseada em novos modelos de psicoterapia, cuja eficácia foi testada num ensaio clínico com 119 menores a cumprir medida tutelar educativa de internamento, em todos os centros educativos do Ministério da Justiça.
O estudo foi liderado por Daniel Rijo, docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC e investigador do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental.
Ao longo das várias fases, o trabalho envolveu um total de mil jovens, com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos, dos quais 400 agressores juvenis, a cumprir medida tutelar educativa de internamento, e 600 menores sem qualquer tipo de psicopatologia, provenientes de escolas públicas, indica a UC.
O programa de intervenção traçado pela equipa consistiu em 20 sessões semanais de psicoterapia individual, estruturadas e manualizadas, realizadas durante seis meses por investigadores que são também psicoterapeutas creditados, e contou com a supervisão de Paul Gilbert, da Universidade de Derby, perito em Terapia Focada na Compaixão, o modelo seguido nesta intervenção.
O resultado mais relevante do estudo, segundo Daniel Rijo, citado pela UC, “está relacionado com o ensaio clínico, demonstrando que os traços psicopáticos são modificáveis na adolescência, mesmo em menores agressores em contacto com o sistema de justiça”.
Estes resultados, acrescenta, “apontam para a necessidade de se fornecer intervenções adequadas a estes sujeitos, com vista à modificação do comportamento criminal e à consequente redução do risco de persistência no crime após intervenção pelo sistema de justiça”.
Os vários estudos realizados no âmbito do projeto Psychopathy.comp, que foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, “demonstraram também que este tipo de intervenção — terapia focada na compaixão — é adequada para esta população e para as instituições da justiça juvenil, uma vez que o ensaio clínico decorreu nos Centros Educativos”, salienta o especialista da UC.
Estes resultados contribuem também para “a expansão de uma das mais promissoras terapias de terceira geração, aproximando as novas terapias aos contextos forenses”, concluiu.
Os resultados do Psychopathy.comp, desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos, vão ser apresentados e discutidos na quinta-feira, no seminário final do projeto, que decorrerá ‘online’ e cuja participação é livre, através de https://videoconfcolibri.zoom.us/j/86172031665?pwd=OVhnRmhxNVhVVTczdWNPWHRZK1NxZz09 (ID da reunião: 861 7203 1665 e senha de acesso: 604035).
Comentários