Estes episódios podem ser acompanhados por desorganização do pensamento e do comportamento e interferem significativamente com a funcionalidade de quem sofre desta perturbação, ao nível pessoal, profissional, familiar e social. A sua frequência, gravidade e duração são bastante variáveis.
Salvaguarde-se, desde já, que este texto não visa enunciar todos os critérios de diagnóstico que estão descritos no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-5) ou na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde. Pelo contrário, o objetivo passa por fornecer uma informação rigorosa acessível à compreensão e conhecimento da maioria dos leitores, e, de forma generalista, abordar uma patologia que causa grande sofrimento (dos doentes e familiares), consciencializando para a necessidade de avaliar, diagnosticar e intervir.
Sintomas característicos dos episódios maníacos (Euforia)
Durante os episódios de mania as pessoas com esta perturbação sentem-se com extrema energia, confiantes, alegres, comunicativas e criativas. Apresentam redução da necessidade de dormir e do número de horas de sono. As decisões são tomadas com excessivo otimismo e irrealismo, com comprometimento da ponderação correta das suas consequências. Desmesurados gastos de dinheiro ou alterações dos seus hábitos sexuais são possíveis consequências deste tipo de decisões.
O débito verbal muito rápido, excessivo bem-estar, aceleração dos pensamentos, sentimentos eufóricos e crenças irrealistas (que facilmente provocam uma autoestima exacerbada e as ideias de grandiosidade e de poder), são igualmente exemplos de sintomas presentes nos episódios maníacos.
Sintomas característicos dos episódios depressivos
A tristeza prolongada no tempo com substancial diminuição da energia, a fadiga, o défice de atenção e de concentração, a dificuldade em realizar as atividades habituais, a lentificação dos pensamentos e o pessimismo são alguns dos sintomas presentes nos episódios depressivos. Invadem todas as áreas de vida do doente e provocam sentimentos de inutilidade, fazendo com que a pessoa se sinta desnecessária, com sentimentos de culpa, insegura e sem esperança no futuro. Tende a isolar-se da família, dos colegas, dos amigos ou de quaisquer outras pessoas. No limite, pode apresentar pensamentos suicidas.
A consulta psicológica, através da terapia cognitivo-comportamental pode representar uma enorme mais-valia para modificar as emoções, pensamentos e comportamentos pouco adaptativos associados aos episódios depressivos e aos episódios de mania.
Do mesmo modo, ajuda a desenvolver melhores relações familiares e sociais, contribuindo favoravelmente para a evolução da Perturbação Bipolar.
A terapia cognitivo-comportamental, também referida como TCC, está bem fundamentada como uma terapia eficaz no tratamento da Perturbação Bipolar, ao nível da redução da sintomatologia e da implementação de estratégias cognitivas e comportamentais passíveis de ajudar os doentes nos episódios maníacos e nos episódios depressivos, sobretudo se conjugada com tratamento farmacológico e psicoeducação. Existem vários livros e de artigos científicos sobre a TCC e a Perturbação Bipolar descrevem e apresentam os resultados positivos das pessoas que beneficiam também deste registo de intervenção.
Em momento algum, significa que a psicoterapia se sobrepõe à intervenção médica. Muito pelo contrário, numa perspetiva integral da pessoa e da sua saúde, é inquestionável a importância da intervenção médica e do trabalho interdisciplinar
Embora crónica, a Perturbação Bipolar pode ser controlada, permitindo que os doentes possam ajustar-se a esta condição com o menor impacto possível e adquirindo estratégias que melhorem a sua qualidade de vida.
Um artigo da psicóloga clínica Lina Raimundo, da MIND | Psicologia Clínica e Forense.
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